Diagnóstico Situacional do Território: Conhecer, Planejar e Agir

  • Author
  • Letícia Stake Santos
  • Co-authors
  • Julia Isotton , Ana Luísa Baurich Vidor
  • Abstract
  • Objetivo: relatar a experiência da realização de um diagnóstico situacional de um território de atuação de residentes em saúde da família. Metodologia: trata-se de um estudo descritivo qualitativo da territorialização e construção de um diagnóstico situacional como produto final da disciplina “Planejamento Estratégico em Saúde” do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Federal de Santa Catarina, no primeiro semestre de 2023. Resultados: a partir das discussões propostas na referida disciplina e compreendendo a importância da territorialização, foi proposto um diagnóstico situacional que serviria como base para o planejamento de ações em um Centro de Saúde de Florianópolis, cenário de prática profissional da residência. Como primeira etapa do diagnóstico situacional, foi realizada a territorialização como forma de conhecer o território de atuação e suas particularidades. Esse processo foi realizado por meio de visitação in loco pelos residentes acompanhados de agentes comunitárias de saúde das diferentes áreas do Centro de Saúde,  para as áreas que não puderam ser visitadas a pé ou de carro, o reconhecimento ocorreu por meio do Google Maps, fato que nos permitiu visualizar de forma dinâmica os estabelecimentos de cada área e ter uma dimensão da extensão geográfica do território, além de entrevistas com as agentes de saúde, a fim de buscar o máximo de informações possíveis. No segundo momento, ocorreu a coleta de dados, subdividida em dados primários e secundários. Para a coleta dos dados primários foi elaborado um Check List, aplicado pelos pesquisadores durante a visitação das áreas, este instrumento possibilitou a identificação das formas prevalentes de moradia, saneamento básico, acesso, vulnerabilidade e demandas que chegam ao CS de cada área. Ainda, foi elaborado um roteiro de entrevista, aplicado junto às ACS durante a visitação das áreas, e as respostas foram transcritas na sequência para traçar um quadro geral acerca da realidade cotidiana dos usuários de cada área, ao identificar e problematizar os condicionantes do processo de saúde-doença da população. Os dados secundários foram coletados por meio da base de dados da Prefeitura de Florianópolis, base de dados do DATASUS e GEINFO, com a finalidade de identificar dados associados a doenças crônicas e perfil dos usuários adscritos ao CS; o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), com o objetivo de apontar relatórios do estado nutricional dos indivíduos assistidos pelas equipes e; o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a fim de distinguir questões sociodemográficas do município. A construção do planejamento de ações para o território foi feita a partir de uma lista de problemas, identificados pelo grupo, a partir do diagnóstico. A partir disso, fez-se uma priorização dos problemas em duas etapas: critério individual de avaliação e priorização sob critérios técnicos. Na primeira, cada participante deu uma nota de 1-10 para os problemas identificados no território, sendo a pontuação mínima emitida para o problema pouco relevante e pontuação máxima atribuída para o problema muito relevante; as pontuações foram sistematizadas e compiladas em uma planilha. Em seguida, de forma conjunta e consensual, deu-se notas de 1 a 5 para diferentes aspectos do problema: magnitude (número de pessoas e a frequência com que o problema atinge aquele local), transcendência (se o problema gera outras demandas ou causa outros problemas), vulnerabilidade (possibilidade que o problema tem de ser resolvido ou diminuído por meio de uma intervenção em saúde), urgência (qual rapidez para solucionar o problema) e factibilidade (qual a capacidade dos atores de resolver o problema por meio das ações). O total da nota para cada problema foi dado pela multiplicação das notas obtidas em cada aspecto. O problema com maior nota foi escolhido para ser alvo do planejamento, sendo este a desmobilização do Conselho Local de Saúde. Conclusão: considerando a importância do processo de territorialização para o conhecimento da realidade local para atuar de forma sistemática sobre suas diversas problemáticas e potencialidades, compreende-se que através do Planejamento foi possível refletir acerca das influências estruturais, sócio-ambientais e sanitárias na produção de saúde do bairro. A inserção dos residentes na territorialização a partir de visitas in loco, mapeamento e conversações com informantes-chaves aproximou não só os profissionais de diferentes áreas, mas também permitiu traçar um diálogo do centro de saúde com a população, uma vez que as ações planejadas se inserem na realidade da comunidade e conversam com suas demandas, relacionando-as ao cotidiano da unidade de saúde e aos trabalhadores que ali atuam. Destaca-se que a escolha da problemática principal “Desmobilização do CLS” se deu a partir de olhar multidisciplinar, e se apresenta como uma tentativa de retomar a participação social contínua e qualificada num dos espaços de controle social, podendo este ser palco de discussão de diversas pautas e de aglutinação dos diferentes sujeitos do território. Acredita-se que a mobilização popular, a partir da união dos usuários e profissionais da saúde em articulação com outros setores, é capaz de promover mudanças significativas para a política de saúde, tornando-a cada vez mais resolutiva e democrática.

  • Keywords
  • Territorialização da Atenção Primária, Planejamento em Saúde, Residência Multidisciplinar
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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