DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE DE ABORDAR SAÚDE MENTAL NO INTERNATO DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE

  • Author
  • Daniel Madeira Cardoso
  • Co-authors
  • Julia Coelho Fernandes , Mattheus Ribeiro Natividade , Lélia Cápua Nunes
  • Abstract
  • INTRODUÇÃO: O atributo de abordar de modo eficaz as doenças com um forte componente emocional e saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS) é preconizado tanto pela matriz de competências para o internato de Medicina de Família e Comunidade (MFC), quanto pelo currículo baseado em competências da Sociedade Brasileira de MFC. OBJETIVO: Avaliar o desenvolvimento da capacidade de abordar saúde mental dos estudantes durante o internato de MFC em uma Escola médica federal do interior. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo transversal, realizado de abril a agosto de 2023 com duas turmas de estudantes de Medicina de uma Escola médica federal do interior, após cursarem o internato em MFC. Os estudantes responderam a questionários autoaplicados e semiestruturados construídos pelos próprios pesquisadores, baseados nas Matrizes de Competência para MFC e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Medicina. Os alunos atribuíram uma nota de 0 (pior) a 10 (nível de excelência) referindo-se às suas capacidades de abordar saúde mental na APS, em perspectiva retrospectiva pré-pós. Nas questões abertas, os alunos elencaram pontos positivos e dificuldades enfrentadas durante o internato. RESULTADOS: Dos 86 participantes, 73 (84,9%) relataram melhora da capacidade de abordar saúde mental e 75 (87,2%) referiram progressão em exame psíquico. Com relação às notas autorreferidas, houve progressão na capacidade de abordar de modo eficaz as doenças com um forte componente emocional e saúde mental (mediana das notas: 6 para 8); além de capacidade de realizar exame psíquico (mediana das notas: 6 para 8). Quanto aos pontos positivos, os discentes referiram evolução em habilidades de anamnese, com ênfase para permitir ao paciente a livre expressão de suas preocupações, além de favorecer e motivar que a pessoa explique suas crenças e expectativas sobre a sua enfermidade. Os alunos contaram que o estágio permitiu melhora em habilidades de comunicação, no que tange a facilitar a expressão emocional do indivíduo. Foi relatado o desenvolvimento da capacidade de manejar, majoritariamente: transtornos de humor e de personalidade, psicoses, ansiedade, depressão, dor crônica, tabagismo e uso abusivo de álcool e drogas. O internato de MFC permitiu aprendizagem em psicofármacos, a partir de discussões com residentes e preceptores sobre os casos atendidos e condutas tomadas. Houve uma evolução na capacidade de avaliar consciência, apresentação, atitude, atenção, orientação, humor, afeto, pensamento, sensopercepção, psicomotricidade, memória e crítica. Os discentes referiram aprendizado no funcionamento da rede de atenção psicossocial (RAPS), compreendendo os critérios de encaminhamento para o serviço especializado. Outrossim, foi consolidada a importância do trabalho em equipe multiprofissional para condução e bem-estar do paciente em contexto de saúde mental, mediante interação com e-multi. Como pontos de aperfeiçoamento, os participantes citaram a dificuldade de manejar pacientes poliqueixosos e de lidar com vulnerabilidades sociais CONCLUSÃO: O internato de MFC contribuiu para progressões em habilidades relacionadas à assistência em saúde mental e no conhecimento da RAPS, além de desenvolver ampliação da perspectiva da pessoa no sentido da integralidade. 

  • Keywords
  • medicina de família e comunidade, educação de graduação em medicina, internato e residência
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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