A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) constitui-se em um sistema integrado de serviços e atividades direcionadas à promoção, prevenção, tratamento e reabilitação em saúde mental, surgindo no contexto da pós reforma psiquiátrica, e instaurada no Brasil a partir da Lei nº 10.216 de 6 de abril de 2001. No Estado do Amazonas, a política de saúde mental também se apresenta na forma da Lei nº 3.177 de 11 de outubro de 2007, assentindo das mesmas ações de saúde da lei nacional, amparando a pessoa com transtorno mental. O presente trabalho visa reportar desafios na gestão da política de saúde mental na cidade de Manaus, Amazonas. De modo geral, a RAPS deve se articular com outras políticas para que haja integração na solução dos mais diversos problemas sociais, respeitando a proteção aos direitos humanos, entendendo a complexidade da subjetividade e reabilitando o sujeito para o melhor convívio na comunidade. No contexto do município de Manaus, emergem desafios de magnitude concernentes ao acesso a esses recursos, os quais incidem diretamente sobre a eficácia do cuidado em saúde mental. Tal cenário se traduz em dificuldades de acesso que reverberam em implicações diretas sobre os pacientes. A escassez de instalações destinadas ao atendimento em saúde mental e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) na localidade culmina em deslocamentos prolongados por parte dos usuários, sobretudo em face das restrições impostas pelo tráfego, entre o ponto de origem e o destino dos mesmos. A demora no acesso aos serviços de saúde mental potencializa o agravamento dos quadros clínicos dos pacientes, potencializando o sofrimento e a incapacidade, tanto da pessoa, quanto na fragilização da família. Assim, a carência de profissionais qualificados em saúde mental, a exemplo de psiquiatras e psicólogos, além da equipe multiprofissional, exacerba a problemática, visto que não há recursos humanos suficientes no serviço público para atender à demanda populacional, urgindo a ampliação do contingente de profissionais qualificados em saúde mental e a implementação de programas de sensibilização na busca pela assistência. Paralelamente, os estigmas sociais concernentes aos transtornos mentais fazem com que uma parcela significativa da população deixe de buscar auxílio, contribuindo para a subnotificação e subutilização dos recursos disponíveis. Os custos sociais e econômicos associados ao tratamento tardio ou inadequado dos transtornos mentais são notórios, incluindo a redução da produtividade, desestruturação familiar e procura por serviços de urgência. A dificuldade de acesso aos serviços de saúde mental concorre para a perpetuação do ciclo de exclusão social e marginalização das pessoas acometidas por transtornos mentais, comprometendo sua qualidade de vida e reintegração social que, buscando a mitigação dessas barreiras, requerem ações sinérgicas entre políticas intersetoriais, envolvendo investimentos em infraestrutura, recursos humanos e programas de sensibilização destinados à atenuação desta problemática. Tal contexto ocasiona outros desdobramentos, alimentando a continuidade do ciclo de exclusão social e marginalização das pessoas afetadas por transtornos mentais, comprometendo sua qualidade de vida e reintegração à sociedade. Logo, a dificuldade de acesso aos serviços da RAPS em Manaus emerge como um desafio para a efetivação do cuidado em saúde mental na região.