Acolhimento psicológico: ferramenta de cuidado em saúde mental na Atenção Básica

  • Author
  • Fabiana Schneider
  • Co-authors
  • João Pedro Nunes Ritter , Stéfanni Vargas Silveira
  • Abstract
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    O debate acerca da inserção da(o) psicóloga(o) na Atenção Básica perpassa a necessidade de equilibrar, em sua agenda de trabalho, as demandas para atendimento clínico e demais ações de prevenção e promoção de saúde. Este relato traz a realidade vivenciada no município de Marau/RS, onde, por decisão da gestão municipal, o profissional da psicologia atua 20 horas em cada equipe de saúde. Abordaremos neste trabalho o contexto da equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) Santa Rita, juntamente com os residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde na Atenção Básica vinculado a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Passo Fundo, especificamente, do núcleo de psicologia, que atuam 40 horas semanais cada. Tendo em vista às demandas em saúde mental, que têm impactado os serviços de saúde devido à complexidade das situações e o sofrimento que se evidencia, emergiu nos profissionais a necessidade de repensar as formas de organização dos atendimentos psicológicos, facilitando o acesso aos sujeitos que precisavam ser escutados. Sendo assim, foi organizado na ESF, o espaço de acolhimento psicológico o qual ocorre em dois turnos semanais, por livre demanda do usuário ou sob encaminhamento dos outros membros da equipe e escolas do território. Para a organização do trabalho, foi criado um protocolo de registros, que é composto por dados gerais do paciente, informações sobre tratamentos anteriores, uso de medicamentos, histórico de transtorno mental na família, espaço para o genograma e o encaminhamento efetuado. O uso deste protocolo nos dá a possibilidade de registro epidemiológico em saúde mental. Esta forma de organização do trabalho vem ocorrendo desde 2013 e a análise das demandas que buscam atendimento psicológico na ESF nos possibilita repensar a oferta de ações de promoção à saúde em conjunto com a equipe. Apontamos assim, após o período de pandemia da Covid-19, um aumento significativo de encaminhamentos da rede de educação municipal para atendimento psicológico de crianças e adolescentes, bem como, a ampliação pela busca do acolhimento por demanda espontânea. Destacamos a prevalência de quadros de ansiedade, sintomas depressivos, de ideação e tentativas de suicídio. Também observamos a ênfase aos transtornos de comportamento e de aprendizagem advindos dos encaminhamentos escolares. Resultam desta ação, maior reconhecimento do espaço de apoio psicológico como ferramenta de cuidado ofertada à população do território; diminuição da lista de espera devido ao uso de critérios de classificação de risco; maior encaminhamento para grupos de educação em saúde; redução da necessidade de intervenções medicamentosas e a qualificação dos planos terapêuticos elaborados em conjunto com a equipe. Esta forma de trabalho vem facilitando o acesso dos usuários, possibilitando aos profissionais da psicologia aproximar o seu fazer das reais necessidades em saúde mental apresentadas pela população.  A inserção de residentes da psicologia na Atenção Básica favorece a qualificação do atendimento em saúde mental e permite ao usuário buscar o acolhimento psicológico de acordo com seus desejos, respeitando as subjetividades. Portanto reafirma-se a importância da Residência Multiprofissional e a potência da Atenção Básica para a formação de psicólogas(os) comprometidos com o SUS.

     

     

     

  • Keywords
  • Acolhimento, Psicologia, Atenção Básica à Saúde
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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