O acolhimento institucional de crianças e adolescentes é uma medida de proteção judicial garantida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que objetiva proteger aqueles que se encontram em violações de direitos e precisam ser afastados, de modo temporário, do contexto familiar e comunitário. Durante o período de adaptação e permanência dos indivíduos nas instituições, profissionais cuidadores esclarecem as demandas dos adolescentes acerca do processo de acolhimento e atuam como figura de referência para os acolhidos. Nesse sentido, destaca-se a importância dos profissionais na recepção, acolhimento e reinserção social de crianças e adolescentes. O estudo objetivou conhecer as perspectivas de profissionais cuidadores de crianças e adolescentes acolhidos em uma Casa Lar frente à reinserção destes na sociedade. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo e exploratório. O cenário de pesquisa foi uma Casa Lar, referência no atendimento de crianças e adolescentes que vivem em regime de proteção especial, localizada na região central do Rio Grande do Sul. A coleta de dados ocorreu no período de agosto a novembro de 2021, por meio de entrevista semiestruturada, de forma online pela Plataforma Google Meet® devido ao período pandêmico. No período da coleta, 59 profissionais estavam em atividades laborais. Utilizou-se como critérios de inclusão: trabalhar na instituição há pelo menos cinco meses e dispor de recursos para a comunicação virtual. Foram excluídos os profissionais que estivessem em férias, licença saúde ou qualquer tipo de afastamento funcional. O corpus do estudo foi composto por 11 profissionais cuidadoras, as entrevistas tiveram uma média de 25 minutos. As enunciações foram submetidas à análise de conteúdo temática, a qual se subdivide em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação. A pesquisa seguiu as recomendações éticas das Resoluções nº 466/2012 e nº 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde. Obteve a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa nº 4.594.243. As depoentes revelaram a preocupação com o futuro dos acolhidos, principalmente no momento de reinserção na sociedade, por meio do trabalho, na busca pela qualificação profissional e o contato com a família de origem. Assim, elas identificam a necessidade de preparar os adolescentes para as inseguranças presentes no contexto social. Além disso, enfatizam a importância de trabalhar a autonomia dos acolhidos frente às atividades de autocuidado, afazeres domésticos, questão econômica e os obstáculos presentes na vida adulta. Sugere-se a necessidade de capacitações para os profissionais que atuam com adolescentes em acolhimento, a fim de que o cuidado e as atividades laborais estejam pautados em estratégias resolutivas para as demandas apresentadas, para a reinserção social e familiar.
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