Apresentação: Este resumo trata-se de um relato de experiência vivenciado em um grupo operativo de extensão universitária intitulado "Mães que se abraçam: um novo olhar, uma nova esperança". O projeto tem como principal objetivo incentivar a comunicação entre as participantes, formando uma rede autônoma comprometida com o enfrentamento das diversas problemáticas que permeiam o dia a dia de mães e cuidadoras de crianças e adolescentes com transtornos mentais. No total, 12 pessoas participam do grupo semanal, sendo 6 mulheres (participantes), 4 extensionistas (estudantes de psicologia) e 2 coordenadoras (docentes da instituição) e mensalmente há momentos formativos com os residentes de psiquiatria.
Desenvolvimento: As atividades do grupo ocorrem na clínica escola da instituição formadora, de forma gratuita e concomitantemente ao atendimento terapêutico dos filhos. O grupo surgiu diante da ociosidade dos familiares ao aguardarem as consultas e terapias dos filhos e da percepção da grande necessidade de expressão dessas pessoas, que durante as devolutivas dos profissionais buscavam ser vistas, entendidas e apoiadas. Assim, surgiu o projeto, configurado como grupo operativo, entendendo este como uma ferramenta de atenção básica à saúde, um espaço de prevenção e promoção da saúde que não se limita apenas ao conhecimento das crenças, ideais e realidades das participantes, mas também possui a intenção de auxiliar na busca por transformação e sentido diante dessa realidade. Dessa maneira, o grupo se torna um espaço psicoeducativo para esclarecimento de dúvidas, redução de mitos e compartilhamento de experiências, envolvendo a criação de significados, relações e sentimentos entre participantes, além de um aprendizado teórico-prático dos extensionistas.
Resultados: Sendo um grupo operativo, a dinâmica consegue se beneficiar com a heterogeneidade das realidades das participantes, pois, mesmo possuindo filhos diagnosticados com transtornos mentais, cada participante possui uma realidade socioeconômica e familiar distinta (mulheres casadas, viúvas, divorciadas, desempregadas, analfabetas entre outras características). Dessa maneira, o grupo se torna, conforme descrito pelas participantes, um lugar de diminuição da sobrecarga cotidiana, da mulher que é mãe, dona de casa, cuidadora, professora de reforço, esposa e tantas outras coisas. Atualmente, já se tem como resultados, expressivas mudanças de realidades de mulheres que não sabiam ler e atualmente estão matriculadas na alfabetização para adultos; mães que começaram a construir novas formas de geração de renda e se sentem mais autônomas e vivas; e outras mulheres que tinham excesso de vergonha e agora conseguem se expressar diante de outras pessoas.
Considerações finais: Assim, o grupo, não somente analisa as condições de saúde/doença das participantes, mas também oferece soluções criativas para atender às suas necessidades diárias. O projeto serve como uma ponte entre diferentes relações em constante evolução, onde as participantes refletem sobre suas experiências através do processo de conscientização, abrangendo não apenas o pensamento, mas também o sentimento e a ação. Pois, os problemas de saúde estão interligados com os valores e emoções expressados no cotidiano, e o grupo se apresenta como um importante instrumento de prevenção e promoção da saúde.