Apresentação: A história do acesso à saúde para as pessoas em situação de rua (PSR) no Brasil perpassava de início quase exclusivamente as organizações religiosas, com base em ações assistencialistas. Fato este que só foi modificado a partir da Constituição de 1988, em que a saúde passou a ser reconhecida como direito do indivíduo e, portanto, dever do Estado. Em 2009 foi criada a Política Nacional para a População em Situação de Rua, instituída pelo Decreto nº 7.053, contemplando ações de saúde integradas a diversos setores sociais. Uma dessas ações em Salvador, na Bahia, são os Consultórios na Rua e o Ponto de Cidadania, dispositivos assistenciais do Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo este último composto por agentes redutores de danos, enfermeiros, assistente social, psicólogo e arte educador; disponibilizando em um contêiner no território serviços de baixa exigência, como acesso a sanitário, chuveiro, kit de higiene e encaminhamentos para outros serviços de saúde e de assistência social, visando a autonomia e promoção de saúde. Para tanto, este trabalho visa relatar a experiência da discente no Ponto de Cidadania durante as práticas do componente curricular extensionista “ACCS: Ações Interdisciplinares para promoção de saúde e qualidade de vida dos moradores de rua do centro histórico de Salvador” durante 2023.1. Desenvolvimento: Primeiramente, os discentes da ACCS foram apresentados a teorias como a de Redução de Danos, conheceram a sede do Movimento da População de Rua e realizaram o reconhecimento do território, o Centro Histórico de Salvador. Posteriormente, foram separados por grupos entre os dois Pontos de Cidadania (PC), e possuíam como objetivo a observação participativa de práticas de atenção à população em situação de rua com o enfoque da redução de danos. Os alunos puderam acompanhar atividades relacionadas à música com os usuários do PC, práticas de assistência em saúde como troca de curativo, acompanhamento de pessoas assistidas pelos agentes redutores a outros serviços de saúde. Também foi observada a quantidade expressiva de crianças no território, as quais foram alvo de intervenção por meio de ação de educação em saúde proposta pelos discentes à coordenação do PC, que foi realizada posteriormente pelos redutores devido a intercorrência no dia marcado. Resultados: Ademais, durante as vivências em campo, percebeu-se a necessidade da interdisciplinaridade no cuidado às pessoas em situação de rua. A presença da arte educador, por exemplo, representa o elo que aproxima o usuário ao serviço, com o berimbau e a dança. Identificou-se a necessidade dos vínculos ressaltados no cuidado, como dos agentes redutores de danos e a enfermeira, por exemplo, ao adentrar áreas de risco no território. Observou-se ainda o trabalho relacionado às crianças em situação de rua, como atividades sobre o autocuidado e autoestima, com ações de educação em saúde oferecidas pelo PC, propostas pelos agentes redutores, psicóloga e os discentes. Considerações: Dessa forma, percebe-se como ações interdisciplinares no âmbito da promoção de saúde para as pessoas em situação de rua são imprescindíveis para fomentar a autonomia do indivíduo, ampliar o acesso à saúde e promover a integralidade do cuidado.