Apresentação: Os casos de sífilis existem desde o século XV e até que sua cura fosse encontrada, passaram-se aproximadamente 500 anos e mesmo com seu surgimento ocorrendo há tanto tempo, a sífilis ainda persiste entre a população. Ela é uma doença silenciosa e sistêmica que afeta apenas os seres humanos e é causada pela bactéria Treponema pallidum e sua manifestação inicial ocorre com o surgimento de uma úlcera no local de entrada da bactéria que não necessita de nenhuma intervenção para cessá-la, pois se cura sozinha. As formas de transmiti-la ocorrem de duas formas: pelo contato sexual com a pessoa infectada sem uso de preservativo ou de mãe para filho via placenta ou no momento do parto, a chamada transmissão vertical. A fase seguinte é chamada de sífilis secundária onde os sinais e sintomas surgem entre o período de seis semanas e seis meses a partir da cicatrização da ferida inicial, além disso pode ocorrer o surgimento de manchas sob a pele, geralmente em mãos e pés. Após isso, têm-se a fase latente que é a fase assintomática da infecção, que possui tempo indefinido de duração. E por fim, a fase terciária que pode surgir entre o primeiro ano após a infecção até 40 anos após seu início, seus sinais e sintomas podem ser apresentados como lesões cutâneas, lesões ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar o indivíduo à óbito. Como uma estratégia utilizada para ampliar o número de diagnósticos de sífilis, o Departamento de Condições Crônicas Infecciosas/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DCCI/SVS/MS) disponibilizam para o Sistema Único de Saúde (SUS) o teste rápido para sífilis. Ele é prático, de fácil execução e a leitura do resultado pode ser feita em até 30 minutos, sem a necessidade de uma análise laboratorial para isso. O tratamento para sífilis, pelo SUS é realizado com o uso de penicilina benzatina, além de outros antibióticos em casos de alergia à esta medicação. O(s) parceiro(s) sexual(is) da pessoa infectada pela bactéria causadora da sífilis também deve ser tratada. Segundo o último Boletim Epidemiológico de Sífilis (2021) publicado pelo Ministério da Saúde, partindo do ano de 2010 verifica-se que houve o aumento da taxa de detecção de sífilis até o ano de 2018, onde chegou a atingir o número de 76,4 casos por 100.000 habitantes. Houve a redução dos casos de sífilis em praticamente todo o Brasil a partir do ano de 2019, e é importante entender que isso pode estar relacionado à problemas na transferência de dados entre as áreas de gestão do SUS, podendo interferir na diferença do total de casos e a base de dados em nível municipal, estadual e federal. Ainda é possível verificar no último Boletim publicado, que entre os anos de 2010 e 2021 foram notificados ao Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) 917.473 casos de sífilis adquirida. A região Sudeste apresentou 51,7% dos casos neste período, a região Sul apresentou 22,4% dos casos, 13,4% na região Nordeste, 6,9% no Centro-Oeste e 5,6% no Norte.Em 2018, o que chama mais atenção é a taxa de detecção de casos no estado de Santa Catarina (SC), pois foram notificados 113,4 casos a cada 100.000 habitantes, e o estado com a menor taxa de detecção foi Alagoas com 7,2 casos a cada 100.000 habitantes. Ainda, verificou-se que a faixa etária que obteve maior taxa de detecção de sífilis adquirida no ano de 2018, foi de 20-29 anos, e em segundo lugar está a faixa etária de 30-39 anos. O recorte temporal se deu a partir do ano de 2010, pois por meio da publicação da Portaria de 31 de agosto de 2010 sob o nº 2.472, a Sífilis Adquirida foi incluída na Lista de Notificação Compulsória (LNC) na lista nacional de doenças e agravos que necessitam de monitoramento. Diante dos dados epidemiológicos apresentados, percebe-se a importância de implementação de ações em promoção da saúde voltadas para educação em saúde das pessoas infectadas pelo agente causador da sífilis, para que se compreenda a importância do seu diagnóstico e consequente tratamento do indivíduo e seu parceiro, para que cada vez menos casos sejam detectados entre a população. A Carta de Ottawa (1986) revela que a promoção da saúde permite que a população possa ter uma melhor qualidade de vida gerando uma maior autonomia nesse processo. Um dos pilares trabalhados dentro da temática de promoção da saúde é o da equidade, que tem a finalidade de diminuir qualquer adversidade dentro de uma comunidade, e facilitar o acesso a um estilo de vida mais saudável. A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) aprovada e publicada em 2006 complementa o que foi descrito na Carta de Ottawa, pois tem o objetivo de promover qualidade de vida ao indivíduo, diminuir a vulnerabilidade e os riscos relacionados à saúde. O interesse em se realizar este estudo, ocorreu pela inquietação em entender os motivos que fazem com que a sífilis esteja presente na população há tantos séculos e pela vivência prática em campo de estágio obrigatório na Atenção Primária à Saúde, no Curso de Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Objetivo conhecer as ações de promoção da saúde foram realizadas para controle da sífilis adquirida entre os anos de 2010-2021 em Santa Catarina. Trata-se de uma pesquisa documental qualitativa com coleta de dados realizada nas plataformas digitais da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina e Ministério da Saúde, fundamentada pela Análise de Conteúdo. Recorte geográfico de Santa Catarina, por apresentar as maiores taxas de detecção de sífilis. Recorte temporal dado pelo ano de início de Notificações Compulsórias do agravo de sífilis adquirida e última publicação do Boletim Epidemiológico de Sífilis no Brasil. Resultados: Seleção de 42 publicações que tratam sobre ações de promoção da saúde voltadas para prevenção e testagem de sífilis. Após análise verificou-se o aumento da inserção de publicações na plataforma, e crescimento no número de casos de sífilis. Os dados epidemiológicos encontrados nos Boletins específicos da sífilis fornecem diferentes informações, como a taxa de detecção de casos de sífilis adquirida em todo o Brasil, as médias estaduais, médias regionais, faixa etária das pessoas infectadas e até mesmo a escolaridade de acordo com o ano de diagnóstico. Considerações Finais: Verificou-se que os dados analisados não mostraram inovação nas ações realizadas ao decorrer dos anos, e que a forma com que o usuário recebe as informações sobre a sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis, não parecem ser efetivas de acordo com os dados epidemiológicos apresentados.