Apresentação: A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe que a amamentação deve ser ofertada ao lactente até os dois primeiros anos de vida ou mais, sendo de forma exclusiva até os seis meses. Dessa forma, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição orienta a respeito da prática do aleitamento, com diversas informações dos costumes e hábitos considerados adequados ou inadequados, permitindo uma visualização da linha de cuidado integral à saúde da criança. Nesse contexto, o papel da lactação é fundamental no desenvolvimento e na saúde infantil, exercendo uma influência significativa desde os primeiros dias de vida até a infância. Assim, o aleitamento materno envolve diversos benefícios que vão além da nutrição do recém-nascido, englobando o vínculo entre mãe e bebê, o cuidado, afeto e proteção. Com base nessas práticas, a enfermagem exerce um papel crucial, distribuindo o conhecimento científico das políticas e fornecendo informações de forma clara e objetiva, considerando todo o contexto social, cultural e familiar. O profissional deve oferecer orientações sobre a técnica correta de amamentação, ajudar a resolver problemas comuns, fornecer suporte emocional e sensibilizar as mães sobre os benefícios da lactação para a sua saúde e do bebê. Além disso, os enfermeiros também podem auxiliar na promoção de ambientes hospitalares e comunitários favoráveis à amamentação, com um olhar abrangente, integral e holístico, respeitando os aspectos emocionais, valorizando, escutando, empoderando e oferecendo todo o apoio necessário nesse processo, que muitas vezes é de descobertas, com dificuldades, dores, medos e inseguranças. Não obstante, embora os profissionais de saúde busquem apoiar e ser favoráveis ao aleitamento materno, a falta de orientação pode gerar sentimentos de insatisfação nas puérperas que frequentemente desejam um suporte ativo com informações concisas, apoio e um olhar biopsicossocial. Portanto, busca-se relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem no suporte ao aleitamento materno as puérperas e seus recém-nascidos em alojamento conjunto. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência, baseado nas atividades teórico-práticas vinculadas à disciplina de Enfermagem no Cuidado da Mulher e Recém-nascido, ministrada no sexto período do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina. A vivência ocorreu no segundo semestre de 2023, em um hospital de um município no oeste catarinense. Durante os cinco dias de experiência no setor, acompanhados pelo docente supervisor da instituição de ensino, além de atividades assistenciais e educativas ao nível individual, foi desenvolvido e entregue uma cartilha informativa sobre a amamentação, exemplificando condutas e sanando dúvidas a respeito da lactação, enfatizando um olhar integral e holístico ao paciente. Resultados: A cartilha abordou cuidados na amamentação, exemplificando a diferença sobre amamentar (ato de oferecer a mama) e aleitamento (prática de oferecer o leite, sendo pela amamentação ou não), os tipos de aleitamento (exclusivo, predominante, materno, complementado, misto ou parcial), a importância e os benefícios da lactação, como amamentar com a pega correta e adequada e quando e como deve ser feita a introdução alimentar. Os técnicos de enfermagem e enfermeiros que possuem um contato direto com as pacientes pós-parto contribuem na implementação de medidas preventivas e educativas, fortalecendo um cuidado centrado no paciente. Essas intervenções não apenas contribuem para diminuir queixas e dores referentes à amamentação, mas também para auxiliar e observar quais as dificuldades e dúvidas nesse contexto. Nesse sentido, a equipe de enfermagem deve fazer as visitas com o aconselhamento que vai além de dizer o que a mãe deve fazer, mas também de ouvir, entender e empoderar sobre a técnica que melhor se aplica à mulher, destacando os riscos e benefícios das decisões. Portanto, atividades desse tipo se revelam cruciais para que a prática do aleitamento materno se torne menos difícil, destacando a importância e valorização de uma abordagem multiprofissional com um cuidado voltado a essas puérperas. As atividades teórico-práticas proporcionam experiências que permitem vivenciar as diferentes fontes de suporte que podem ser fornecidas às puérperas, buscando entender suas dúvidas, dificuldades e as consequências de uma orientação insuficiente a esses indivíduos. Embora existam profissionais diretamente envolvidos nos cuidados das pacientes no pós-parto, essas informações devem ser transmitidas durante o período de gestação, para conhecer a prática e evitar complicações maiores após o parto. Frequentemente, a mulher se sente cansada com todo o processo do parto e, sabendo que o aleitamento materno será estimulado logo após o nascimento, é recomendado que esse processo seja descontraído, realizado com os cuidados necessários para evitar o ingurgitamento, fissuras e dores nas mamas, decorrentes de uma conduta inadequada, proveniente da pega, posicionamento do bebê ou demais fatores. Assim, essas devem se sentir acolhidas e cuidadas, sabendo que o profissional visa o bem-estar físico, mental e social desses indivíduos, estabelecendo uma confiança entre a mãe e a equipe. Essa experiência prática enfatiza a escuta ativa, um olhar holístico e sem julgamentos nos cuidados de saúde dessas puérperas, requerendo uma equipe multiprofissional capacitada para atender esse público, fornecendo um cuidado que começa no pré-natal para facilitar na prática estabelecida após o parto, contribuindo com todos os benefícios relacionados ao aleitamento e preparando a lactante para esse processo, que muitas vezes é difícil e que não é ressaltado até ser colocado em prática. A equipe multiprofissional tem um papel fundamental ao realizar orientações desde o pré-natal, visto que as puérperas no geral relataram não ter recebido informações sobre amamentação durante a gestação e possuem uma deficiência no conhecimento prático do aleitamento, enfrentando maiores dificuldades e estando vulneráveis a mitos e práticas inadequadas. Considerações finais: as experiências obtidas contribuíram para compreender a necessidade de um olhar holístico e abrangente das lactantes durante a fase inicial do aleitamento materno. Esses resultados reforçam a importância de profissionais capacitados, que saibam adotar um olhar afetuoso e cuidadoso, fortalecendo a confiança entre a puérpera e equipe, e proporcionando um processo mais complacente nessa fase de descobertas e desafios entre a mãe e o bebê. Além disso, é fundamental adotar uma abordagem integral, visto que o paciente é um ser completo, e que essa prática é influenciada por fatores culturais, sociais e familiares. Assim, os enfermeiros precisam desenvolver estratégias para identificar quais são as demandas e dúvidas frequentes desde o pré-natal até o pós-parto, tornando a prática da amamentação um processo de amor, carinho, afeto e construção do vínculo materno-infantil.