Este relato tem o objetivo de apresentar a experiência de educação interprofissional (EIP) na graduação em Unidade de Saúde (US) da Coordenadoria Oeste de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, destacando potências e desafios. Buscando a integração entre os cursos da saúde, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio de sua Coordenadoria da Saúde (CoorSaúde), propôs a criação de uma atividade de ensino que pudesse agregar estudantes e professores da saúde, sendo realizada em cenários de aprendizagem do Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, em 2012, teve iniciou a disciplina Práticas Integradas em Saúde I. Tem como proposta pedagógica o ensino por tutoria pela vivência e problematização do vivenciado em territórios da Atenção Básica à Saúde (ABS), junto a equipes multiprofissionais e comunidade. Tais vivências incluem o (re) conhecimento/análise do territórios/equipamentos sociais; a produção de mapas vivos/mapas geográficos dos territórios; o acompanhamento do trabalho da/em equipe na ABS; o apoio aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Atividades de concentração, com apresentação de conteúdos (base teórica) e discussões coletivas complementam a vivência. Os temas de trabalho da disciplina são território/territorialização, trabalho interprofissional em equipe e famílias. A US Divisa – constituída por duas equipes de Saúde da Família e uma equipe de saúde bucal – recebe os estudantes e as professoras da disciplina desde seu início, em 2012. São mobilizadas, ao longo da experiência, questões éticas, culturais, de políticas públicas, de trabalho em equipe, de conhecimento sobre o fazer das profissões e do modo de vida-saúde-doença-cuidado das pessoas-famílias-comunidade. Na percepção do gerente, a disciplina é uma oportunidade para os estudantes de diferentes cursos terem contato com a ABS, potencializando o interprofissional e possibilitando, por meio de rodas de conversa, a interação/troca de experiências entre estudantes-professoras-trabalhadores e o olhar para o outro, entendendo o que o outro pode fazer enquanto profissional da equipe. Também possibilita à equipe pensar e revisitar questões sobre o território, buscando qualificar o acesso e o cuidado a partir das trocas com as professoras e estudantes. Outro ponto positivo, é a possibilidade destes estudantes de diferentes formações se enxergarem atuando na ABS, como gerentes. Para as ACS, a disciplina contribui de maneira construtiva e efetiva, agregando conhecimento nas relações profissionais e com os ACS, mas, principalmente, para a população do território assistido, pois não se trata de um ‘passeio’ na periferia, mas de uma forma direta de conhecer as pessoas, de conversar, escutar e observar atentamente as potencialidades existentes na comunidade. A presença sequencial dos estudantes nas tutorias, a ausência de profissões que participam da disciplina na equipe de ABS, a expressiva demanda de trabalho da equipe e a troca de profissionais da equipe/perda de vínculos, a partir da contratualização da ABS no município, são desafios observados na experiência. O profissional de saúde – da graduação à educação permanente –, deve ter oportunidades de experiências de EIP, como a descrita neste relato, que lhe permitam desenvolver competências colaborativas para o cuidado pautado na integralidade, resolutividade e centrado nas necessidades das pessoas.