Este trabalho tem como objetivo conceitualizar a Atenção Primária à Saúde, Atributos Derivados e Territorialização, destacando a territorialização como ferramenta de impulso para garantia da presença do atributo Orientação Comunitária no cotidiano de trabalho da APS. A APS pode ser definida como um conjunto de valores fundamentais, incluindo o direito à saúde, solidariedade e equidade. Além disso, engloba um conjunto de princípios essenciais, como responsabilidade governamental, sustentabilidade, intersetorialidade e participação social, entre outros. Estes valores e princípios formam um conjunto inseparável de elementos estruturantes da rede de serviços de saúde. Os atributos derivados visam qualificar as ações dos serviços de APS, sendo definidos da seguinte forma: a) Atenção à saúde centrada na família (orientação familiar): na avaliação das necessidades individuais para a atenção integral deve-se considerar o contexto familiar. b) Orientação comunitária: reconhecimento das suas necessidades de saúde através do contato direto com a comunidade, bem como o conhecimento dos dados epidemiológicos. c) Competência cultural: adaptação dos profissionais de saúde às características culturais da população para facilitação da relação e a comunicação com a mesma. Quando um serviço de saúde é orientado para o alcance desses três atributos ele se torna capaz de promover atenção integral, do ponto de vista biopsicossocial à sua comunidade. Estudos apontam que orientar os serviços da APS considerando os atributos derivados, permite aos profissionais das equipes de saúde da família identificar as fragilidades e potencialidades da comunidade e território que atuam. Com destaque para o atributo Orientação Comunitária que enfatiza como responsabilidade da equipe de saúde estabelecer vínculos e maneiras de avaliar as demandas do território, compreendendo as peculiaridades da população e a relação desse contexto com os dados epidemiológicos, a fim de promover espaços de debates e construção coletiva de ações que possam aprimorar a qualidade da assistência, concomitantemente o serviço desenvolve o controle social e permite a gestão colaborativa. Para tanto a territorialização em saúde está posta como uma ferramenta importante para demarcação das áreas de atuação dos serviços de saúde, reconhecimento do ambiente, da população e da dinâmica social existente nessas áreas e da identificação e estabelecimento de relações horizontais com outros serviços e equipamentos sociais do território. A partir da territorialização in loco, conjuntamente com o agente comunitário de saúde que possui amplo conhecimento sobre o território, é possível conhecer a realidade da população sobre saneamento básico, qualidade da água consumida, coleta de lixo, transporte coletivo, condições das ruas, acesso e acessibilidade, comércio de alimentos, medicamentos e outros produtos, bem como realizar o mapeamento da rede intersetorial (educação, assistência social e outros equipamentos do território). Percebe-se que o processo de territorialização é fundamental para iniciar qualquer tipo de planejamento de ações e atividades para comunidade, a partir da vivência in loco o profissional compreende as dificuldades e singularidades vivenciadas no território e pode propor em gestão compartilhada com os usuários mudanças para ampliar e garantir o pleno acesso à saúde e a presença e extensão dos atributos derivados.