Apresentação: Trata-se de um relato de experiência sobre a prática do cuidado em saúde mental de pessoas dissidentes sexuais e de gênero que realizam tratamento para o uso de álcool e outras drogas na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS) em um serviço situado no município de Porto Alegre, e tem por objetivo gerar reflexões acerca do tema que possam ser de valia na prática dos profissionais da área da saúde em um contexto geral. Descrição da experiência: A experiência teve início após adentrar como enfermeira em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS AD III) que abrange um território misto, mas com uma alta incidência de acolhida às populações vulneráveis. Enquanto trabalhadora, percebi uma equipe despreparada no cuidado da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros, entre outros (LGBTQIA+), ainda que os profissionais se mostrassem bem intencionados no atendimento prestado. Resultados: Diante dessa realidade, foram realizadas atividades alusivas ao mês do orgulho LGBTQIA+ no decorrer de junho de 2023. Propus educações permanentes nos mais diversos turnos, sanando as dúvidas que beiravam o letramento da sigla, o uso correto de pronomes, como preservar o nome social e até mesmo a diferença entre identidade sexual e de gênero, dentre outros conhecimentos teóricos e práticos que a “Política Nacional de Saúde Integral LGBT” de 2013 já propunha para profissionais da rede pública de saúde. Também houveram rodas de conversa com os usuários do serviço em relação ao respeito e à empatia, bem como a propulsão de conhecimento para desvencilhar o estigma e o preconceito ao tema e, principalmente, às pessoas. Em ambas as experiências, com os trabalhadores ou usuários do CAPS AD III, foram convidados representantes de ONGs relacionadas à garantia de direitos dessa parcela da população, bem como do primeiro Ambulatório Trans do município. Para tornar a experiência longitudinal, materiais educativos foram espalhados pelo espaço físico do serviço. Após o proposto, a equipe demonstrou maior interesse e preparo para cumprir preceitos básicos como o cuidado equânime e integral da população LGBTQIA+, e eles, bem como os usuários participantes das rodas de conversa puderam disseminar informações na comunidade e na RAPS. Considerações finais: A informação é uma arma importante na luta contra o preconceito e a desigualdade que atingem parcelas vulneráveis da sociedade, sendo uma delas a LGBTQIA+. O direito ao acesso à saúde é imprescindível, e os profissionais da saúde que estão na ponta não só podem, mas também devem estar atentos ao cumprimento dos princípios doutrinários do SUS.