Esse trabalho faz parte de uma pesquisa maior, em andamento, denominada “Mulheres em Resistência: Uma Cartografia Social das experiências e demandas Coletivas do MST em Minas Gerais”. Por ser o Movimento Sem Terra (MST), uma organização popular, de luta social que projeta ações que extrapolam a conquista da terra, o objetivo do presente estudo foi o de identificar e analisar a partir do olhar das mulheres acampadas e assentadas em oito regionais de Minas Gerais nas quais o MST se faz presente, aspectos que influenciam na qualidade da saúde nesses territórios. A pesquisa, foi delineada pelas metodologias da cartografia social que dentre outras percepções, busca tratar de práticas de resistência e liberdade humana, partindo do olhar crítico e político de quem vive no espaço/lugar e da cartografia tradicional, que possibilita a busca de dados das áreas de estudo, fornecendo um panorama em forma de mapas das necessidades relativas à temática abordada. Exploramos também a técnica do rio do tempo, em que a partir de grupos mobilizados e disponibilizando tarjetas coloridas, tecido (geralmente azulado) e outros objetos e trabalhando com as variações que compõem um rio (nascentes, afluentes, cabeceiras etc.) foram lançadas questões disparadoras pré-elaboradas a fim de mapear pontos importantes acerca da saúde e do processo histórico do MST nas regiões. Nesse sentido, a estratégia de utilizar tal técnica, nos possibilitou a partir de encontros organizados em seminários, realizar um diagnóstico em que foi abordado o histórico da luta pela terra, bem como, aspectos sobre a qualidade da saúde nas regiões. O diagnóstico, de caráter participativo, nesse sentido, ampliou o diálogo com as mulheres que em sua diversidade de idade (média de 22 a 55 anos), de raça, de escolaridade (sem ou pouco alfabetizada, ensino fundamental/médio incompleto/ completo e superior completo/em andamento) se reuniram em grupos com a media de 30 pessoas por regional e compartilharam suas experiências de inserção na luta pela terra, bem como, apresentaram os desafios relativos à saúde nos territórios. Faz-se necessário registrar que as regionais Sul de Minas, Triângulo Mineiro, Zona da Mata, Metropolitana de Belo Horizonte, Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri, Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, cujo encontros aconteceram, apresentam características políticas, econômicas e sociais diferenciadas, influenciando os resultados da pesquisa. Assim, ao olhar para as tarjetas, ouvir o grupo de mulheres e a partir da análise temática, observamos os resultados preliminares: O acesso a serviços públicos, política pública e estruturas disponíveis, existem e fazem parte da realidade das famílias , entretanto, constatou-se que, o fator distância entre rural-urbano e o estigma acerca da identidade sem terra afetam a qualidade de saúde nas áreas. Observou-se também que as práticas populares de saúde são bastante utilizadas preventivamente por essa população. Tal constatação apareceu como primordial nas regionais, demonstrando um forte caráter cultural presente nas áreas. Observamos por fim, que a participação social em conselhos de saúde ou assistência social, é uma fragilidade necessita atenção, pois, a falta de representatividade apontada enfraquece o alcance das pautas e reinvindicações junto ao poder público.