A participação social, um imprescindível princípio da promoção da saúde, prevê o envolvimento da população na tomada de decisões que impactam diretamente o curso de suas vidas. Para instigá-la, faz-se necessária a implementação de processos educativos que partam da realidade de cada indivíduo, de modo a prezar pelo diálogo entre as pessoas e corroborar na análise de problemas e traçar estratégias de superação. Nesse sentido, após visitas, criação de vínculos e atividades anteriores que proporcionaram um conhecimento mais acentuado sobre a realidade dos moradores de uma comunidade rural do município de Lagarto, foi escolhido pelos discentes do módulo de Prática de Ensino na Comunidade o método participativo bambu para deliberar ações de mudanças do contexto de saúde da população. Assim, esse trabalho tem como objetivo relatar o processo de implementação do Método Bambu como ferramenta de estimulação da participação social no contexto saúde-doença de uma comunidade rural do município de Lagarto (SE).
A implementação do método seguiu a divisão das atividades em dois dias. No primeiro, foram trabalhadas as primeiras etapas: semear o bambu, iniciar a conversa, apresentar o método, identificar as potencialidades, descrever as necessidades por meio do “desejando e criando”, elaborar o mapa de prioridades e planejar as atividades que seriam realizadas. Na etapa de identificação das potencialidades os moradores relataram o que já haviam feito juntos pela comunidade, como a busca conjunta por condições melhores de saneamento básico na região. Na identificação do que desejavam, a população elencou as necessidades que julgaram mais consideráveis. Dentre estas, houve: o calçamento da estrada, mais comida na mesa, uma pracinha, água encanada, entre outras. Uma vez elencados, esses desejos entraram no mapa de prioridades, sendo este estabelecido por votação por critério de necessidade e compatibilidade de realização da ação conforme tempo e recursos disponíveis. No fim, a pracinha e a comida na mesa obtiveram os maiores resultados e foi decidido pelos moradores que seriam as necessidades a serem sanadas naquele momento. Houve divisão de tarefas para realização das atividades e a organização dos materiais ocorreu no intervalo de uma semana até o segundo dia do método. A pracinha foi feita com materiais recicláveis e a comida na mesa foi adquirida por meio da doação de cestas básicas realizada pela Universidade Federal de Sergipe, alinhada com a ida dos moradores à assistência social para solicitar melhores condições de alimentação às pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
A implementação do Método Bambu na comunidade referida engajou os moradores para pautar sua realidade, as dificuldades e potencialidades que permeiam seu cotidiano. Antes, um momento de conversa entre todos era referido como um desafio, pois a comunidade relatava desunião entre a população, sendo notável como o método oportunizou um momento de conversa respeitoso entre todos. Assim, o Método Bambu como recurso para instigar a participação social mostrou-se eficiente por oportunizar o diálogo entre a comunidade e corroborar na criação e cumprimento de metas que objetivavam a melhoria de suas condições de vida, saúde e lazer.