A Atenção Primária de Saúde desempenha um papel fundamental na redução das desigualdades sociais. Nesse ambiente de cuidado, o indivíduo é considerado em sua totalidade, com foco na prevenção e promoção da saúde.
Os motivos que levam os pacientes a buscar atendimento são diversos, mas temos observado uma mudança no perfil das causas de morbidades. Atualmente, as doenças crônicas não transmissíveis e a violência estão entre as principais causas de mortalidade no país.
A violência pode se manifestar de forma comunitária ou intrafamiliar, sendo esta última frequentemente perpetrada por um membro próximo. Lidar com a violência doméstica, especialmente quando envolve crianças e adolescentes, é extremamente complexo, requer dos profissionais conhecimento técnico e compreensão dos fluxos de atendimento.
O aumento da demanda por serviços de saúde devido à violência tem impactado os fluxos de atendimentos, exigindo dos profissionais respostas mais eficazes. Portanto, torna-se essencial criar estratégias para enfrentar esse problema. O apoio matricial fornecido pelas eMULTI é uma ferramenta fundamental nesse processo. O matriciamento, definido como a troca de conhecimento entre equipes da APS, para melhorar a qualidade do atendimento e está alinhado com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Este estudo é relevante porque aborda a complexidade do atendimento às vítimas de violência, e busca identificar a importância do matriciamento. Pretendemos refletir sobre como melhorar a interação entre ESF e as eMULTI, além de investigar os elementos que compõem o matriciamento no atendimento de casos de violência doméstica contra criança e adolescente.
Nas áreas mais vulneráveis, as políticas públicas de saúde, por vezes, se constituem como única política acessada pela população. Nesses locais, o Estado e seu Sistema de Garantia de Direitos (SGD) são limitados por diversas barreiras de acesso, dentre elas aquelas relacionadas a violência.
A violência doméstica contra crianças e adolescentes é definida através dos atos e/ou omissões praticados por pais, parentes ou responsável, sendo capaz de causar à vítima dor ou dano de natureza física, sexual e/ou psicológica.
Entendemos como relevante a discussão do tema, pois possibilita a análise e produção de novos conhecimentos sobre o trabalho entre as equipes.
Há diversos desafios enfrentados no uso do matriciamento na APS, especialmente ao lidar com casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes. A falta de capacitação dos profissionais, suas limitações e a sobrecarga de suas agendas são apenas alguns dos obstáculos que devemos enfrentar para assegurar o acesso e os direitos dos usuários.
Como estratégias para superar esses desafios, destacamos a necessidade de capacitação profissional contínua, a ampliação das equipes da Estratégia de Saúde da Família e das equipes multidisciplinares, elaboração de protocolos claros e específicos para o atendimento de casos de violência doméstica, realização de campanhas de mobilização e participação social sobre os sinais de violência no território.