Este trabalho versa acerca da experiência prática de dois estagiários, graduandos em psicologia, na construção de um grupo para adolescentes na Atenção Primária em Saúde. A atividade foi desenvolvida como parte integrante do Estágio Integrado em Psicologia, realizado no Centro de Atenção Integral à Saúde (CAIS), em um município do Vale do Rio Pardo - RS. Dada a relevância das atividades terapêuticas grupais, foi identificado no serviço a necessidade da realização de um grupo voltado ao público adolescente, visto que ainda não existia um espaço que abarcasse essa faixa etária. No que concerne às atividades desenvolvidas, estas foram delineadas de modo a abordar temas pertinentes ao desenvolvimento psicossocial dos adolescentes, buscando promover um ambiente propício para a expressão saudável das emoções, sentimentos e o fortalecimento de habilidades sociais e construção de uma rede de apoio entre os membros do grupo. A elaboração do projeto continha em sua metodologia os seguintes itens: público-alvo, divulgação, estrutura e funcionamento do grupo, estrutura dos encontros, espaço físico e recursos necessários, cronograma e descrição dos encontros com objetivo e disparadores. Essa organização demonstrou ser eficaz na consolidação dos pilares que constituíram a práxis. Em relação à efetivação do projeto, houveram dificuldades na captação dos adolescentes, por questões territoriais e de mobilidade urbana. Diante destas adversidades, os coordenadores do grupo realizaram saídas de campo em serviços de saúde e educação do município em questão visando a divulgação do grupo e o envolvimento de novos atores no processo de viabilização do mesmo: diretores de escola, agentes comunitários de saúde e enfermeiros, por exemplo. O grupo foi colocado em prática e teve assiduidade e comprometimento dos participantes, bem como proporcionou mudanças significativas dentro daquilo que se propôs. A metodologia utilizada foi pré estruturada e separada em 8 temas principais: 1) apresentações e construção de vínculo; 2) “A pergunta”: dinâmica acerca dos questionamentos que os participantes carregam consigo; 3) “Você se sente criança ou adolescente?”: reflexões frente ao descolamento entre a infância e adolescência; 4) “Eu sei conversar? e a importância do contraditório”: temática a fim de tensionar os adolescentes em relação às barreiras da comunicação; 5) “Vivemos de aluguel do nosso corpo?”: debate acerca das corporeidades e mudanças físicas pertinentes ao adolescer; 6) “Incômodo, desprazer e sofrimento”: este encontro objetivou identificar conflitos emocionais atuais e passados e modos possíveis de enfrentamento; 7) “O eu adolescente”: compreensão dos papéis que os adolescentes desempenham nos contextos em que estão inseridos; 8) “As ilhas da personalidade”: com base no filme Divertidamente, foi proposto que identificassem os seus principais significantes; 9) “Informação não é experiência”: encontro realizado no intuito de informar e prevenir sobre a exposição demasiada nas redes sociais. À vista disso, pudemos observar as diferentes “adolessências”, conforme o nome do grupo se propôs. Com o fim do estágio, o grupo se manteve, fazendo parte do cotidiano da instituição e da comunidade.
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