O trabalho é uma das principais formas de expressividade da humanidade, no entanto também pode ser fonte de sofrimento e adoecimento para quem o executa. O presente estudo objetivou conhecer os sentimentos e as vivências de enfermeiras de serviços oncológicos em relação ao sofrimento advindos do seu trabalho, bem como as estratégias de enfrentamento utilizadas. Trata-se de uma revisão sistemática de estudos qualitativos. O presente estudo é um recorte de uma pesquisa desenvolvida pelo Observatório de Recursos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil, que estudou os impactos do trabalho em oncologia na equipe multiprofissional de saúde. Para a busca dos estudos foram utilizadas as bases de dados Scopus, Pubmed, Scielo e Web of Science. Neste recorte, foram incluídos artigos originais, que respondessem ao objetivo da pesquisa, cujos participantes fossem enfermeiros, e utilizasse a entrevista como método de coleta de dados. Foram excluídos resumos publicados em anais de eventos, cartas ao editor e editorial, revisões de literatura, e artigos cujos respondentes das pesquisas fossem de categorias laborais distintas de enfermeiros. A busca eletrônica foi realizada em maio de 2022 sem restrições quanto à data e idiomas. A seleção dos estudos foi realizada por dois pesquisadores independentes. Para a análise de viés dos estudos foi utilizado o checklist do Joanna Bridges Institute. As estratégias de busca permitiram identificar 644 estudos, 33 estudos compuseram a amostra final. Os estudos encontrados foram publicados entre 1998 e 2022, em vários países dos continentes americano, europeu, africano, asiático e Oceania. Algumas causas de sofrimento relacionadas ao trabalho foram relatadas pelos enfermeiros, dentre elas a questão de enfrentamento da morte dos pacientes e questões referentes à falta de preparo técnico adequado para o trabalho na área de oncologia, incluindo manejo de habilidades assistenciais e psicoemocionais dos pacientes/familiares envolvidos nos casos. Dentre as estratégias de enfretamento utilizadas para superação dos desafios cotidianos no trabalho destacou-se a busca de apoio dos colegas de profissão, o distanciamento emocional dos pacientes e a práticas de atividades físicas. A necessidade de mais profissionais de enfermagem nos hospitais oncológicos, a fim de diminuir a sobrecarga e viabilizar um atendimento humanizado com mais tempo de dedicação aos pacientes esteve presente entre os resultados, bem como a necessidade de melhoria das condições de trabalho, do apoio dos gestores e da realização de reuniões regulares para o compartilhamento de experiências e sentimentos. Também foram citados a necessidade de reestruturação do sistema organizacional, com atribuição de mais poderes e autoridade para os enfermeiros em determinadas situações. Outra necessidade foi melhoria na definição de papéis entre os membros da equipe, com diminuição de funções administrativas dos enfermeiros. A prática assistencial em oncologia mantém uma relação forte com a sensação de sobrecarga laboral e emocional, seja no extremo oriente ou em metrópoles ocidentais. Mas, também é um campo de trabalho que sustenta um encantamento particular, no qual a conexão humana se orienta pela esperança de que todo o esforço que se empenha, no fim, faz e produz, de alguma forma, um sentido de ser vivido.