O presente estudo visa descrever a experiência da implementação da estratificação de risco cardiovascular dos pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM), em uma unidade básica de saúde (UBS), no município de Betim, Minas Gerais (MG). Essa ferramenta favoreceu a reorganização do processo de trabalho com foco no cuidado prestado a esses usuários e permitiu o acompanhamento longitudinal, de acordo com a complexidade de cada caso. A estratificação de risco é uma metodologia de análise fundamental para reconhecer as pessoas e classificar o risco e/ou a vulnerabilidade, a partir das necessidades de cada sujeito. Segundo o protocolo adotado, usuários hipertensos e diabéticos foram estratificados em baixo, médio, alto e muito alto risco, permitindo que o manejo clínico dessas condições crônicas fosse individualizado e direcionado de acordo com as necessidades individuais. Para o desenvolvimento do trabalho foi realizada uma análise da situação de saúde (ASIS) na UBS Capelinha - Betim, MG. O objetivo foi compreender o motivo dos baixos índices de consultas e acompanhamento das pessoas com doenças crônicas, como DM e HAS, além de conhecer a população adscrita no território. A partir da ASIS foi possível quantificar a população referênciada na UBS Capelinha, que contava com 7907 usuários. Na equipe verde, foco desse estudo devido ser o espaço de atuação da autora desse trabalho, havia 3907 usuários cadastrados, sendo 486 portadores de HAS e/ou DM. Nesse contexto, a implementação da estratificação de risco teve como principal objetivo garantir uma atenção direcionada ao usuário, assim como dar a ele o aporte necessário para o acompanhamento do agravo apresentado. Foram realizadas na equipe Verde, no período de 2 meses, 35 estratificações de risco para usuários com DM e 215 para aqueles com HAS ou DM/HAS. Em decorrência da realização do trabalho em equipe foi percebido que esses usuários com condições crônicas não possuíam conhecimento acerca da gravidade do quadro de saúde apresentado. Sendo assim, faz-se necessário uma abordagem mais ativa e longitudinal da equipe de saúde, principalmente, para aqueles que foram estratificados com alto e muito alto risco cardiovascular. No mesmo contexto, é fundamental implementar ações de autocuidado apoiado, estimulando e dando subsídios para o desenvolvimento de habilidades individuais e busca de estilos de vida mais saudáveis. Como resultado da implementação da estratificação de risco foi possível melhorar, otimizar e diminuir a fila expectante dos usuários com DM e HAS para o serviço especializado, garantindo uma atenção individualizada e o manejo adequado na Atenção Primária à Saúde.