PROCESSO DE ENFERMAGEM (PE): DESAFIOS DOS ESTUDANTES
Introdução: O Processo de Enfermagem (PE) é uma ferramenta primordial que reflete o método clínico na enfermagem, oferecendo uma estrutura para sistematizar a assistência. Seu objetivo principal é identificar e resolver problemas específicos em um contexto determinado, visando a obtenção de resultados positivos para a saúde do paciente ou da comunidade. Pesquisadores da área de sistematização da assistência de enfermagem ressaltaram recentemente que o PE é o principal modelo metodológico para a prática sistemática da enfermagem. Ele é visto como um instrumento tecnológico importante para melhorar o cuidado, organizar as condições para sua implementação e documentar a prática profissional. O PE é composto por diversas etapas interdependentes e complementares, como histórico, diagnóstico, plano de cuidados, prescrição, evolução e prognóstico. Quando todas essas etapas são realizadas de forma integrada, resultam em intervenções de enfermagem satisfatórias para os pacientes, grupos ou comunidades atendidas. Essa abordagem é aplicável em uma variedade de ambientes, incluindo instituições de saúde, escolas, domicílios, entre outros. Além disso, é útil em diversas situações clínicas, utilizando observações sobre as necessidades humanas dos pacientes como base para a tomada de decisões e a elaboração de planos de cuidados. Embora o PE tenha o potencial de melhorar a qualidade do cuidado de enfermagem, sua aplicação na prática enfrenta muitos desafios. Contudo, iniciativas no ensino, pesquisa, extensão universitária e em instituições de saúde estão buscando superar essas dificuldades, visando proporcionar uma assistência de enfermagem segura, resolutiva e humanizada. A prática do processo de enfermagem é fundamental na formação de graduandos de Enfermagem, é um pilar essencial para oferecer cuidados de qualidade aos pacientes. No entanto, é comum que os estudantes enfrentem dificuldades ao aplicar esse processo devido à sua complexidade e à necessidade de integrar os conceitos teóricos aprendidos à prática clínica. Este estudo visa identificar e analisar as principais dificuldades enfrentadas por graduandos de enfermagem ao aplicar o processo de enfermagem em cenários clínicos.Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa de literatura, conduzida por meio da busca de estudos na base de dados eletrônica do google acadêmico, utilizando os descritores: Processo de Enfermagem; Estudantes de Enfermagem; Enfermagem; Dificuldades na Enfermagem. Foram usados como critérios de inclusão para a seleção dos artigos: estudos acadêmicos que abordassem as dificuldades enfrentadas pelos estudantes de enfermagem na aplicação prática do processo de enfermagem, publicados nos últimos 10 anos (entre 2013 e 2023). Primeiramente, foram estabelecidos critérios para selecionar os estudos que seriam considerados na pesquisa. Com critérios em mente, uma busca abrangente foi realizada em bancos de dados acadêmicos e outras fontes relevantes, visando identificar todos os artigos que se enquadrassem nos critérios estabelecidos. Após a busca, foram identificados 20 artigos potencialmente relevantes, que serviram como ponto principal de partida para a seleção final. Posteriormente, após a aplicação dos critérios de inclusão, foi constatado que apenas 4 artigos cumpriam com todos os requisitos estabelecidos, sendo assim, foram selecionados para leitura na íntegra e minuciosamente analisados. Com base nos resultados, foram selecionados artigos no idioma da língua inglesa e portuguesa que possuíam assuntos relacionados ao tema escolhido e dentro do período de cinco anos. Resultados: A análise dos artigos selecionados emergiram diversas dificuldades recorrentes enfrentadas pelos graduandos de enfermagem na aplicação do processo de enfermagem. Entre elas, destacam-se a transição da teoria para a prática real e a dificuldade em integrar os diferentes passos do processo de enfermagem. Além do mais, foi observada a falta de experiência prática como um fator significativo, juntamente com a pressão emocional e a complexidade dos casos clínicos. A transição da teoria para a prática é um dos maiores obstáculos enfrentados pelos estudantes de enfermagem. Embora os currículos de enfermagem forneçam uma base sólida de conhecimento teórico, a aplicação desse conhecimento na prática clínica pode ser desafiadora. Muitos estudantes relatam sentir-se sobrecarregados e inseguros ao lidar com situações reais de cuidado ao paciente pela primeira vez. Sem a oportunidade de praticar habilidades clínicas e tomar decisões de enfermagem sob supervisão, os estudantes podem se sentir ansiosos e despreparados ao entrar no ambiente clínico. Ademais, a complexidade dos casos clínicos também podem representar um desafio para os estudantes de enfermagem. Cada paciente é único, e os estudantes devem ser capazes de adaptar seus conhecimentos teóricos a uma série de situações clínicas. Isso requer habilidades de pensamento crítico e capacidade de tomar decisões rápidas e precisas. Para muitos estudantes, essa é uma habilidade que se desenvolve ao longo do tempo e precisa prática e experiência. A pressão emocional também desempenha um papel importante nas dificuldades enfrentadas pelos estudantes de enfermagem. Lidar com o sofrimento dos pacientes, enfrentar situações de vida ou morte e com conflitos interpessoais são desafios emocionais que podem ser difíceis de enfrentar, acarretando no esgotamento emocional e sobrecarga.Considerações finais: As dificuldades enfrentadas pelos estudantes de enfermagem na aplicação do processo de enfermagem são multifacetadas e podem ser atribuídas a uma série de fatores, incluindo a falta de experiência prática, a pressão emocional e a complexidade dos casos clínicos. A transição da teoria para a prática é uma das barreiras mais substanciais enfrentadas pelos estudantes de enfermagem. Embora os currículos acadêmicos ofereçam uma base sólida de conhecimento teórico, a tradução desse conhecimento em habilidades práticas pode ser uma tarefa árdua. O confronto com situações reais de cuidado ao paciente pela primeira vez pode gerar sentimentos de insegurança e sobrecarga, ampliando a ansiedade e a sensação de despreparo. A falta de oportunidades para praticar habilidades clínicas e tomar decisões de enfermagem sob supervisão adequada contribui para esse cenário desafiador. Observa-se também, que a complexidade dos casos clínicos é outro ponto de dificuldade para os estudantes de enfermagem. Cada paciente é singular, e os alunos devem ser capazes de adaptar seus conhecimentos teóricos a uma diversidade de situações clínicas. Isso demanda habilidades de pensamento crítico, capacidade de tomar decisões rápidas e precisas, as quais muitas vezes requerem tempo e experiência para serem aprimoradas. A pressão emocional também desempenha um papel importante nas dificuldades enfrentadas pelos estudantes. Lidar com o sofrimento dos pacientes, enfrentar situações de vida ou morte e gerenciar conflitos interpessoais são desafios emocionais que podem levar ao esgotamento emocional e sobrecarga, afetando o bem-estar dos estudantes e sua capacidade de desempenhar suas funções de forma eficaz. Diante dessas problemáticas, é essencial desenvolver estratégias de apoio e suporte adequadas aos estudantes de enfermagem. Isso pode incluir programas de mentoria, simulações clínicas mais abrangentes, sessões de debriefing para processar experiências emocionalmente desafiadoras e acesso a recursos de saúde mental. Além de que, é fundamental que as instituições de ensino e os ambientes clínicos proporcionem um ambiente de aprendizado seguro, inclusivo e de apoio, que promova o crescimento profissional e pessoal dos estudantes. Em suma, compreender e abordar as dificuldades enfrentadas pelos graduandos de enfermagem na aplicação do processo de enfermagem é essencial para garantir que esses futuros profissionais estejam bem preparados para enfrentar os problemas da prática clínica. Investir em seu desenvolvimento pessoal e profissional não apenas beneficia os estudantes, mas também contribui para a melhoria da qualidade do cuidado de enfermagem e, consequentemente, para a saúde e o bem-estar dos pacientes.