Apresentação: a população negra representa de acordo com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), cerca de 67% do público total atendido pelo Sistema Único de Saúde e, em meio às dificuldades raciais e de acesso à saúde, necessita-se avaliar o que corrobora para os maiores índices de mortalidade materno-infantil por doenças crônicas, câncer e outras patologias. A implementação da referida política vem a fortalecer meios e práticas para que não exista nenhum tipo de discriminação, facilitando o acesso e a promoção da saúde e efetivação da equidade. Objetivo: compreender o impacto da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra no trabalho da equipe de uma unidade básica de saúde no interior do Rio Grande do Sul. Desenvolvimento do trabalho: trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, realizada em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, vinculada à 13ª Coordenadoria Regional de Saúde. A UBS concentra a maior parcela da população negra em todo o município, logo fizeram parte da pesquisa: enfermeira, técnica de enfermagem, dentista, terapeuta ocupacional e três ACS. Quatro participantes foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão e exclusão da pesquisa. Durante a coleta de dados, foi conduzida entrevista semiestruturada, aplicada individualmente, gravada e transcrita, realizada no mês de setembro de 2023. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo por tema, fundamentada a partir de Laurence Bardin.
Resultados: Participaram da pesquisa sete profissionais de saúde vinculados a uma das cinco unidades básicas de saúde de um município do interior do Rio Grande do Sul. O tempo de trabalho na unidade, para a maioria incidia no mínimo de um ano e dois meses e máximo de 17 anos, com média de oito anos de atuação. No que se refere ao conhecimento entorno da PNSIPN, somente dois trabalhadores manifestaram conhecer a política, porém sem aprofundamento da temática, não havia aplicação devida frente à demanda local, porque o conhecimento sobre a política e o processo de implementação era limitado. Já os demais quatro participantes afirmaram que não conheciam a política, distanciando-se da relação importante entre o saber e o fazer/implementar. Reconhecer e entender que ações voltadas à população negra, devem ser realizadas para qualificar o atendimento, pois o profissional capacitado se torna agente transformador na vida e na experiência de saúde do usuário.
Considerações finais: é imperativo investir em programas educacionais, na tentativa de sensibilizar a equipe, abordando as questões raciais, a fim de elucidar a todos os profissionais envolvidos na prestação do serviço ao usuário negro, que promover ações não é um ato segregador. Importante reconhecer as particularidades de cada população em seu território adscrito e, discutir sobre a implementação da PNSIPN, a fim de incorporá-la nas ações, reconhecendo o seu valor.