A alta morbimortalidade materno-infantil é uma prioridade sanitária. A estratégia de organização do sistema de saúde aposta na constituição de Redes de Atenção à Saúde. A Rede Cegonha foi instituída no Brasil considerando a atenção a saúde para a população materno-infantil e se configura uma área estratégica. O presente trabalho objetiva avaliar a cobertura potencial e real da atenção ao pré-natal e ao parto na região de saúde de Jequié. Trata-se de estudo avaliativo de pesquisa original para avaliação de cobertura do sistema de saúde regional com enfoque na abordagem de estrutura. Foram utilizados agregados espacial e temporal, tendo como unidades de análise a região de saúde de Jequié e os municípios que a compõem. A região de saúde analisada é composta por 26 municípios. O estudo evidenciou que na atenção primaria a saúde houve, no período analisado, uma baixa cobertura para as consultas de pré-natal realizadas pelo profissional médico (entre 18,16% e 23,14%), elevada concentração de consultas de pré-natal realizadas por enfermeiros (entre 103,04% e 278,92%). Na atenção ao pré-natal de alto risco houve baixa cobertura de consultas medicas especializadas em obstetrícia (entre 13% e 86,87%). Para a atenção obstétrica no âmbito hospitalar, apesar de haver uma elevada cobertura potencial de leitos obstétricos, 92,6% das internações obstétricas se concentram em apenas 3 municípios da região. Os demais municípios possuem leitos obstétricos ociosos, segundo registros do CNES e SIA/SUS. O presente trabalho permitiu medir a disponibilidade e a distribuição dos recursos da Rede Cegonha em uma região de saúde a partir da estimativa das necessidades de saúde da população materno infantil, abordando os diversos níveis de complexidade assistencial. No âmbito da construção de redes regionalizadas de atenção dá indícios sobre aponta o papel das estruturas de governança das redes como indutoras da racionalidade do planejamento e programação de ações que considerem as necessidades da população a partir de parâmetros assistenciais. Ademais, questões relacionadas a formação de recursos humanos e dificuldade de fixação de especialistas em determinados territórios podem influenciar diretamente na constituição das redes temáticas. Este trabalho se limita na medida em que os indicadores de cobertura não são capazes de avaliar mudanças no modelo de atenção, no processo de trabalho e na oferta e qualidade do cuidado, o que sugere a necessidade de estudos complementares.