Introdução: A Demografia Médica oferece informações sobre os/as médicos/as brasileiros/as como idade, gênero, renda e especializações. Apesar da Medicina de Família e Comunidade (MFC) estar entre as especialidades mais procuradas, não há dados específicos sobre os/as Médicos/as de Família e Comunidade (MeFC). A lacuna de dados é maior quando se analisa os/as MeFC que atuam na rede suplementar, uma vez que se trata de um fenômeno recente onde esses/as profissionais formados para atuar originalmente na Atenção Básica pública começaram a ser captados pelo setor privado Objetivo: Caracterizar o perfil sociodemográfico de MeFCs que atuam na Rede Suplementar de Saúde brasileira. Método: Trata-se de um estudo quantitativo exploratório, com aplicação de questionário eletrônico autopreenchido via Google Forms? com quatro blocos de perguntas: (1) Dados sociodemográficos, (2) Formação em Graduação, (3) Especialização em MFC e (4) Experiência de trabalho. Analisou-se, neste resumo, o bloco 1. A coleta de dados ocorreu entre julho/2022 e maio/2023, a partir da técnica de snowball, onde o participante ao final da pesquisa indica algum conhecido que se enquadre nos critérios de participação. Ao final da coleta, obteve-se 155 respostas que passaram por uma análise exploratória simples. Resultados: Boa parte, 41,43% (65), são da região Sudeste, 20% (31) da região Sul, 19,35% (30) do Centro-Oeste, 18,1% (28) do Nordeste e 0,65% (1) do Norte do país, duas pessoas não responderam essa pergunta. A maioria dos respondentes, 60,6% (94), têm entre 31-40 anos, enquanto que 20,6% (32) têm entre 21-30, 16,1% (25) têm entre 41-50 e 2,6% (4) mais de 50 anos. Quanto à cor, 69,29% (106) são pessoas brancas, 24,18% (37) pardas, 4,57% (7) amarelas e 1,96% (3) pretas. Quanto à identidade de gênero, 65,80% (102) afirmaram ser mulher cisgênero e 34,2% (53) homem cisgênero, não havendo participantes transgêneros na pesquisa. Quanto à orientação sexual, 81,94% (127) são heterossexuais, 11,61% (18) homossexuais, 5,8% (9) bissexual/pansexual e 0,65% (1) assexual. Quanto ao estado civil, 67,7% (105) eram casados/as ou em união estável, 24,5% (38) estavam solteiros/as e 7,8% (12) divorciados/as. A renda familiar de 50,33% (75) era de 10-20 salários mínimos (s.m.), enquanto que 28,87% (43) era acima de 20 s.m., a de 19,46% (29) de 5-10 s.m. e a de 1,34% (2) abaixo de 5 s.m., seis mulheres cisgêneras não responderam. Considerações Finais: A pesquisa mostrou uma maior inserção da MFC na saúde suplementar dos estados do Centro-Sul do Brasil. O perfil dos/as MeFC que atuam na rede suplementar brasileira corrobora com a Demografia Médica sendo, em sua maioria, de mulher cisgênera, com 31-40 anos, heterossexual, branca, casada ou em união estável com renda de 10 a 20 salários mínimos. Apesar do aumento da representatividade feminina na medicina, o perfil elitista se mantém junto com outros problemas sociais como a pouca representatividade LGBTQIAPN+ no meio médico.