Introdução: As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2014 orientam inserção precoce de graduandos/as de medicina na Atenção Básica (AB). Programas de Residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC) e o Programa Mais Médicos também buscam fixar Médicos/as de Família e Comunidade (MeFC) na rede pública. Contudo, nos últimos anos, estes têm sido recrutados pela rede suplementar brasileira. Objetivo: Analisar o perfil da formação de MeFC que atuam na rede suplementar. Método: Trata-se de estudo quantitativo exploratório, com aplicação de questionário eletrônico autopreenchido do Google Forms? com quatro blocos de perguntas: (1) Dados sociodemográficos, (2) Formação de Graduação, (3) Especialização em MFC e (4) Experiência de trabalho. Este resumo analisa os blocos 2 e 3. O questionário foi aplicado entre julho/2022 e maio/2023 via técnica de snowball, obtendo-se 155 respostas, que passaram por análise exploratória simples via Jamovi?. Resultados: 52,9% (82) se graduaram em instituição privada. Desses/as, 51,2% (42) financiaram com recursos familiares, 37,8% (31) com FIES, 13,4% (11) com PROUNI, 4,9% (4) com outra fonte de financiamento e outros 4,9% (4) com recursos próprios. 51,2% (42) tiveram mais de uma fonte de financiamento na sua graduação. Quanto ao ano de conclusão do curso, 47% (73) se formaram entre 2015-2019, 32,9% (51) entre 2010-2014, 9,6% (15) entre 2005-2009, 7,1% (11) entre 2000-2004 e 3,2% (5) antes de 2000. O contato com a AB aconteceu durante todo o curso para 55,5% (86), para 33,5% (52) ocorreu apenas nos últimos anos, para 3,8% (6) nos anos iniciais e 7,1% (11) não tiveram contato com AB na graduação. Para se tornar especialista, 82,5% (128) fez residência em MFC, 7,7% (12) obtiveram a especialidade através de Especialização e Prova de Título, 7,1% (11) por Experiência e Prova de Título e 2,6% (4) não responderam. 56,1% (87) são MeFC há 1-5 anos, 21,9% (34) há 6-10 anos, 17,5% (27) há mais de 10 anos e 3,2% (5) há menos de 1 ano. Dos/as que fizeram residência, 126 identificaram a instituição, sendo 57,9% (73) em universidades, 28,6% (36) em hospitais e 13,5% (17) em programas das Secretarias de Saúde estaduais ou municipais. Considerações Finais: Apesar da maioria das graduações terem sido concluídas antes da aprovação da nova DCN de 2014, boa parcela deles/as teve contato com a AB durante toda a sua graduação. Grande parte desses/as profissionais se graduou em instituições privadas através de programas de financiamento público. Destaca-se que as instituições privadas levaram mais tempo para se aproximar da ABS pública. A residência se mostrou o principal meio de especialização, sendo em sua maioria em universidades e concluída de 1 a 5 anos atrás. Embora a maioria dos/as participantes tenham tido contato com a AB durante o curso e terem financiamento público durante a graduação, isso não foi suficiente para que eles/as atuassem na AB pública.