Apresentação: O aumento no diagnóstico de doenças crônico-degenerativas, muitas decorrentes do processo de envelhecimento, os consequentes danos à qualidade de vida e a inviabilidade de um tratamento que promova a cura, levanta discussões significativas sobre o paliativismo e os fatores que influenciam na sua implementação. Nesse contexto, a atenção básica destaca-se como cenário de atendimento a doenças crônicas e cuidados paliativos devido a potencial articulação entre os diferentes níveis de atenção à saúde e a oferta de acessibilidade de cuidado ao indivíduo e a família no âmbito generalista. Objetivo: Conhecer os fatores que influenciam a percepção das famílias sobre a atuação da enfermagem em cuidados paliativos na atenção básica. Método: Trata-se de uma pesquisa de campo, qualitativa e descritiva cujos dados foram coletados no mês de janeiro de 2021, de forma presencial, com seis famílias referenciadas por receber atendimento em cuidados paliativos nas Unidades Básicas de Saúde do município de Santa Rosa/RS. A partir de entrevistas semiestruturadas, nove participantes foram selecionados, sendo três usuários referência e seis familiares. A coleta foi interrompida em virtude do aumento de casos de COVID 19. Os dados foram organizados e analisados com base na técnica de análise temática. Aprovado pelo Comitê de Ética conforme parecer n° 4.465.843. Resultados: Os fatores que influenciam na percepção das famílias sobre a atuação da enfermagem foram organizados em quatro categorias. A categoria “A pandemia como fator de mudança no cuidado” aborda as mudanças decorrentes da pandemia de COVID-19 e as implicações nos cenários de cuidado à saúde, tal como o distanciamento social que influenciou na jornada de trabalho presencial, suspendendo visitas domiciliares que, historicamente, permitem a manutenção do vínculo. A categoria “Percepção familiar focada na atuação médica” versa sobre as decisões familiares no que tange à busca por auxílio nos momentos de exacerbação dos sintomas. Sendo assim, frequentemente a família busca por atendimento médico por entender que a resolutividade será maior em detrimento de outros profissionais da equipe multiprofissional. Em “Cuidados realizados por outros serviços da rede de atenção à saúde” apresenta-se as ações de cuidado e acompanhamento desenvolvida por outros setores, como atenção hospitalar ou ambulatorial, os quais, para a família, constituem-se como referência principal para o cuidado ao familiar, e, por isso, parece não considerar a atuação direta da atenção primária no cuidado à família. A categoria “A atuação insuficiente do serviço de atenção básica”, menciona as lacunas existentes no cuidado prestado como a ausência da equipe multiprofissional no cuidado domiciliar. As famílias associam a ineficiência do serviço à grande demanda de atendimento e diversidade de serviços ofertados às famílias do território. Considerações finais: O cuidado circunscrito ao período pandêmico associado às crenças familiares do modelo médico centrado, a possibilidade de outros serviços na área de cuidados paliativos e a dinâmica considerada ineficiente permeia a complexidade das decisões e as percepções sobre o atendimento de enfermagem em cuidados paliativos na atenção básica.
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