Introdução: A hipertensão arterial e o diabetes mellitus são manifestações crônicas comuns e frequentemente relacionadas fisiologicamente. Dessa maneira, podem acometer simultaneamente uma mesma pessoa, já que ambas as condições possuem, em comum, muitos fatores de risco e complicações. Tendo em vista a gravidade que apresentam, e sua expressiva relevância epidemiológica nas últimas décadas no Brasil – com taxas elevadas prevalência e um crescente aumento no número de pessoas que diagnosticadas anualmente, além da sua intrínseca relação com morbimortalidade por doenças cardiovasculares diversas; é imprescindível adotar medidas que visem a promoção da saúde da população, de maneira geral, e da adoção de medidas prevenção, melhora na qualidade de vida e tratamento. Nessa perspectiva, a participação social e o envolvimento da comunidade são elementos essenciais para o fortalecimento do sistema de saúde e para a promoção de práticas de cuidado mais eficazes. O objetivo do trabalho, foi descrever como a interação direta com os membros da comunidade, aliada à educação em saúde, pode contribuir para a discussão e o fomento de ações de promoção da saúde destes participantes e no processo de educação em saúde pensando a manutenção do autocuidado e a melhora na qualidade de vida, assim como, em uma perspectiva de longo prazo, na contribuição para reduzir possíveis complicações causadas pelo diabetes e hipertensão. Metodologia: Nesta perspectiva, este trabalho trata de relato de experiência de estudantes de medicina, da quinta fase, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Campus Araranguá, que se engajaram no desenvolvimento de grupos terapêuticos voltados ao trabalho com hipertensos e diabéticos na Unidade Básica de Saúde Edeval Caetano, no município de Balneário Arroio do Silva, Santa Catarina, no primeiro semestre de 2024. Resultados: Os encontros foram planejados de forma participativa, integrando a equipe de saúde local e incluindo as propostas trazidas pelo grupo. Realizados em um espaço comum na Unidade de Saúde descrita acima; foi distribuído em um encontro por semana, durante o mês de abril, cada sessão durando cerca de três horas, no período vespertino, agrupando cerca de 30 pessoas. Na análise do perfil dos participantes observou-se que o grupo, em sua maioria, eram idosos (apresentando 60 anos ou mais) aposentados e que possuíam mais algum fator de risco associado, como histórico familiar favorável ao desenvolvimento de hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, entre outros. Utilizamos o formato de roda de conversa, o que garantiu uma melhor aproximação dos participantes; incentivando a troca de experiências entre os que estavam presentes (preocupações, desafios e estratégias) e a construção coletiva de conhecimento sobre o manejo dessas doenças crônicas. Durante os encontros realizados, os estudantes, buscaram abordar os seguintes pontos como discussão: hábitos de vida saudáveis, alimentação, prática regular de exercícios físicos e ainda, a necessidade do acompanhamento na unidade de saúde e a adesão ao tratamento medicamentoso como meios de reduzir complicações para os agravos e melhorar a qualidade de vida. Foi apresentado um panorama geral sobre a hipertensão e diabetes, explicando o que são, os riscos associados, complicações e a necessidade de controlar os níveis de pressão arterial e glicemia. Além disso, foram realizadas atividades práticas, que podem auxiliar no manejo destes agravos como técnicas de respiração, meditação e alongamentos suaves, a fim dar orientações sobre os benefícios de controlar o estresse, ansiedade e melhorar a concentração. Estas técnicas foram orientadas e guiadas como exercício prática durante os encontros. Ao final de cada sessão, foram aferidas, a pressão arterial e os níveis de glicemia capilar, permitindo aos integrantes do grupo o monitoramento e a compreensão da importância do controle desses parâmetros. Assim, após essas aferições, os estudantes, com a orientação da gestão da unidade de saúde, deram orientações para que esses pacientes realizassem exames laboratoriais de acompanhamento, como hemograma completo, contagem de plaquetas, hemoglobina glicosada, colesterol total, dosagem de sódio, entre outros, e que retornassem com os resultados para a avaliação do médico. Durante a experiência, observou-se, a partir dos relatos e agradecimentos, certo grau de conscientização sobre a importância do autocuidado e da adesão ao tratamento. Ademais, houve uma discussão aprofundada, buscando fomentar que os participantes pudessem compreender melhor os fatores de risco e as estratégias de prevenção das complicações associadas à hipertensão arterial e ao diabetes mellitus. Os participantes também manifestaram interesse em dar continuidade às práticas discutidas nos grupos. Considerando o perfil dos participantes, foi possível incluir nas discussões questões relacionadas a necessidade de mudanças no estilo de vida, buscando aproximações com os fatores de risco identificados, os quais podem gerar complicações mais graves, como Acidente Vascular Encefálico, Insuficiência Renal, dentre outros. Tendo em vista o aspecto psicológico de cada membro da reunião, também foi observado uma tendência positiva na continuação dos exercícios de relaxamento realizados durante as sessões, após entenderem que o estado emocional também influencia no agravamento de alguns sinais e sintomas e nos aumentos, principalmente, dos níveis pressóricos. Assim, os pacientes, afirmaram que pretendem adotar na rotina as técnicas de respiração profunda, meditação e alongamento suaves como forma de aumentar o sucesso do tratamento. Considerações Finais: A experiência de envolvimento dos acadêmicos de medicina nos grupos de hipertensos e diabéticos nesta Unidade de Saúde, foi observada como uma estratégia eficaz visando promover a saúde e fortalecer a autonomia dos sujeitos e o exercício da corresponsabilização dentro do espaço da atenção primária a saúde. O engajamento ativo da comunidade no cuidado com a saúde, aliado à educação e à monitorização dos parâmetros vitais, pode contribuir significativamente para o enfrentamento das doenças crônicas, como a hipertensão arterial e diabetes mellitus, e para a promoção de uma melhor qualidade de vida. Essa abordagem centrada no paciente pode servir como um modelo inspirador para outras iniciativas de promoção da saúde em comunidades semelhantes, destacando a importância de envolver ativamente os pacientes no processo de cuidado e de fornecer-lhes os recursos necessários para gerenciar suas condições de saúde de forma autônoma e eficaz. Com isso, focando no desenvolvimento de estratégias de prevenção e na maior adesão dos pacientes aos tratamentos, se torna nítido como a participação popular em grupos de educação em saúde, pode, ao longo do tempo, melhorar os indicadores para as doenças crônicas. Por fim, criar planos que permitam a continuidade a longo prazo é essencial para garantir que esses projetos sejam sustentáveis. Isso pode incluir capacitar os líderes comunitários locais para criar uma base sólida de apoio, coordenando e executando as iniciativas. Além disso, para garantir que as intervenções permaneçam eficazes e pertinentes ao longo do tempo, avaliação e monitoramento contínuos são essenciais. Para garantir que as necessidades da comunidade sejam atendidas, isso pode envolver a coleta regular de dados de saúde, o acompanhamento do progresso dos participantes e a realização de pesquisas de satisfação e consulta aos participantes durante o processo de avaliação das ações. À medida que os projetos evoluem, é importante estar aberto à ajustes e adaptações, com base nos resultados e no retorno recebido pelos usuários. Ademais, a expansão para outras áreas de saúde pode ampliar o impacto positivo destes projetos, permitindo que seja abordada uma gama mais ampla de necessidades de saúde em abrangência comunitária.