O presente trabalho tem como objetivo relatar um pouco das experiências de acadêmicos da área da saúde e o contato com as populações em seus territórios durante ações de promoção em saúde durante as visitas domiciliares, realizadas com apoio da equipe multiprofissional de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na zona norte da cidade de Manaus, Amazonas. Durante o processo de formação acadêmica, principalmente na área da saúde, as experiências em campo são fundamentais no entendimento das diferentes realidades que permeiam, principalmente, os cenários periféricos urbanos, como são encontrados na cidade de Manaus, que possui população estimada em mais de 2 milhões de habitantes, com densidade demográfica de 181,01/Km², segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que, em muitos casos, estas populações sobrevivem em condições de vulnerabilidades sociais, sejam por enfrentarem dificuldades no acesso em saúde (principalmente em localidades mais carentes da cidade), pela precariedade estrutural urbana e pelas próprias condições socioeconômicas desfavoráveis. Em muitos casos, estas populações também estão inseridas em um contexto de violência e constantes ameaças à sua segurança, provenientes das competições de domínio entre as facções criminosas, o que, de certa forma, foi bem evidente durante as visitas domiciliares realizadas, onde o agente comunitário em saúde (ACS) desempenha papel fundamental para que as visitas fossem possíveis, de modo que o ACS está em contato constante com a comunidade e viabiliza, de maneira mais segura, as ações da equipe multiprofissional vinculada à UBS, guiando todo o processo e permitindo com que, em muitos casos, as necessidades assistenciais em saúde dos moradores possam ser atendidas, como o agendamento de consultas futuras, levantamento demográfico da área/das famílias, monitoramento de pacientes com doenças crônicas (geralmente não transmissíveis, como diabetes e hipertensão arterial) e que, em muitos casos não podem se locomover até a UBS, permitindo com que seja possível realizar a assistência em saúde. A presença do médico (a) e enfermeiro (a) na equipe de assistência, faz com que a ação seja recebida com muito mais ânimo pela população, que carece desta atenção mais especializada frente aos seus problemas em saúde e, em muitos casos, era perceptível a emoção da população em receber a equipe em seu próprio domicílio, tornando o momento ainda mais especial, tendo em vista a importância que estas ações representam para a comunidade. Ir ao território e presenciar as dificuldades que estas populações enfrentam, diariamente, permite com que os estudantes na área da saúde possam conhecer um pouco mais das realidades presentes fora do espaço da universidade, entendendo como funcionam as dinâmicas sociais marcantes que estão presentes no cotidiano destas populações mais vulneráveis, que geralmente não são percebidas ou pouco tratadas em discussões nas salas de aula, além de possibilitar que, ao término do processo de formação em saúde, possamos apresentar um olhar diferenciado e equânime para com estes indivíduos.