Para a teoria psicanalítica, o adoecimento orga?nico corrobora em uma ferida narci?sica, que leva os sujeitos a se retrai?rem e se distanciarem de suas atividades cotidianas e suas interac?o?es com o mundo externo. No ambiente do hospital, esse feno?meno e? reforc?ado, uma vez que a barreira imposta na?o e? apenas psi?quica, mas tambe?m uma barreira de isolamento fi?sico, com interac?o?es e atividades limitadas a?s colocadas pelas regras do contexto da instituição. Desse modo, o adoecimento atravessa uma nova organizac?a?o do indivi?duo frente a? sua rotina, ac?o?es e desejos, ale?m de uma se?rie de perdas simbo?licas que envolvem o luto pela condic?a?o de um sujeito sadio e pelas func?o?es anteriormente desempenhadas por este.
A atividade, assim como, o trabalho, muitas vezes, predominante na rotina do indivi?duo, e as interac?o?es familiares, que costumam ser o elo de maior contato, tambe?m ficam prejudicados, reduzidos, e, muitas vezes, ate? inexistentes, acarretando em sofrimento psi?quico, ale?m de preocupac?o?es de ordem social e economica. Ademais, ocorrem situac?o?es de internac?a?o em que o sujeito se ve? incapaz de voltar seu investimento para a sua recuperac?a?o fi?sica, ocasionada por preocupac?o?es que perpassam questo?es de vulnerabilidade social, agravadas pela impossibilidade de exercer suas atividades de trabalho.
Desta forma, o objetivo deste trabalho é dissertar sobre a atuac?a?o do acolhimento psicolo?gico no contexto hospitalar e como isso vem de encontro com reconhecimento dessas perdas, ale?m de entrar em contato com os sentimentos reverberados a partir delas, cooperando para que o paciente se situe e se reorganize dentro de suas atuais condic?o?es, ocasionadas pelo adoecimento. Ale?m disso, e? possi?vel que, junto ao trabalho com o sujeito, sejam exploradas suas potencialidades e possibilidades de enfrentamento diante de tais condic?o?es existentes.
O presente trabalho traz a experie?ncia vivenciada por estagia?rias de psicologia em um Hospital de refere?ncia regional, que atua em alta e me?dia complexidade, frente a esse contexto. Neste contexto, os atendimentos foram realizados na cli?nica me?dica, com pacientes com peri?odos variados de internac?a?o e com diferentes tipos de adoecimento. Ademais, as intervenc?o?es foram realizadas a partir da leitura do prontua?rio, juntamente com um contato com a equipe me?dica e de enfermagem a fim de obter uma maior compreensa?o do histo?rico e das necessidades do paciente. A comunicac?a?o de questo?es de ordem pra?tica tambe?m costuma ser facilitada pela atuac?a?o do psico?logo, que dispo?e o seu tempo para ouvir, na?o apenas as demandas e angu?stias que dizem respeito ao mundo interno dos pacientes, como tambe?m suas questo?es de maior urgencia, que, grande parte das vezes, sa?o resolvidas atrave?s da comunicac?a?o multiprofissional, como a mudanc?a no modo ou no momento em que uma intervenc?a?o e? realizada, a comunicac?a?o precisa acerca dos medicamentos administrados para o tratamento, ale?m de clareza acerca das condic?o?es, tempo e modo do tratamento voltado para aquele paciente.
A partir disso, percebe-se que o trabalho do psicólogo no contexto hospitalar é de suma importância, ao se pensar no adoecimento e na possibilidade de elaborar essas perdas e, por conseguinte, ampliar o cuidado em saúde.
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