A musicoterapia está presente no Brasil desde a década de 1970, com formação em âmbito de graduação e pós-graduação, porém ainda é pouco compreendida, sendo frequente o uso do termo musicoterapia em trabalhos que não realizam intervenções musicoterápicas. Este trabalho é uma nota prévia dos resultados de projeto de iniciação científica que tem como objetivo caracterizar as intervenções com música e musicoterapia realizadas por profissionais nos serviços de saúde do Brasil, evidenciando os limites e possibilidades de atuação dos profissionais de saúde com o recurso musical em relação ao campo de atuação específico do musicoterapeuta. Trata-se de uma revisão de escopo, elaborada a partir da metodologia do Instituto Joanna Briggs (JBI) e checklist PRISMA-ScR, sendo um método de revisão que possibilita responder a questão norteadora do estudo, definida a partir da estratégia do acrônimo PCC, que considera População, Conceito e Contexto: “Como as intervenções com música e musicoterapia (Conceito) são realizadas por profissionais musicoterapeutas ou sem formação em musicoterapia (População) nos serviços de saúde do Brasil (Contexto)?”. Foram realizadas buscas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Medline via PubMed, Web of Science, Scopus, EMBASE e na Revista Brasileira de Musicoterapia (UBAM). Os critérios de inclusão foram artigos originais e relatos de experiência com intervenções individuais ou grupais, utilizando música ou musicoterapia, conduzidas por profissionais musicoterapeutas ou sem formação em musicoterapia, realizadas em serviços de saúde públicos ou privados no Brasil, publicados em português, inglês ou espanhol nos últimos cinco anos. Foram excluídos artigos de revisão, estudos que associaram o uso da música a outro recurso como dança, meditação, terapias corporais ou outras práticas integrativas. A estratégia de busca foi feita em três etapas conforme recomendado pelo método e o checklist PRISMA-ScR garantirá que a condução do estudo esteja em conformidade com o método proposto e todas as etapas sejam cumpridas. A síntese dos resultados foi descritiva por meio de quadros e análise qualitativa dos conteúdos encontrados, buscando responder aos objetivos da questão norteadora da revisão e seguindo o protocolo do método estabelecido pelo JBI. Foram identificados nas bases de dados um total de 155 artigos, e adotando-se os critérios de inclusão a partir da leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 76 artigos para leitura em texto completo (7 BVS, 7 PubMed, 22 Web of Science, 7 Scopus, 28 EMBASE e 5 UBAM). A leitura dos artigos na íntegra está sendo realizada e os resultados preliminares evidenciam uma apropriação do termo musicoterapia em trabalhos que não realizam ações musicoterápicas. Os desafios são amplificados na medida em que a definição de musicoterapia é complexa, o termo é um descritor e também uma profissão, e por ser um campo híbrido de conhecimento ainda pouco presente nos serviços de saúde. Diversos trabalhos realizados por profissionais não musicoterapeutas utilizando intervenções com música, são descritos como sendo musicoterapia. Os resultados do estudo contribuirão para a difusão de conhecimentos sobre o que é, e o que não é musicoterapia, evitando a apropriação indevida deste termo e contribuindo no processo de valorização e reconhecimento da profissão.