Apresentação: os cuidados paliativos (CP) são caracterizados como uma forma de abordagem multiprofissional que possui o objetivo de alavancar o bem estar geral do enfermo, melhorando a qualidade de vida deste e das pessoas em seu entorno quando há uma doença que ameaça a continuidade da vida. A Organização Mundial da Saúde, precursora deste conceito, buscando organizar a atuação de saúde, aborda os princípios dos CP, dentre os quais se destacam: a oferta de suporte e auxílio aos familiares do paciente durante a doença e luto e a abordagem multiprofissional com enfoque nas necessidades do paciente e seus familiares. Objetivo: conhecer as perspectivas de famílias em relação ao cuidado prestado pela equipe de enfermagem da atenção básica à pessoa em cuidados paliativos. Metodologia: trata-se de uma pesquisa de campo, qualitativa e descritiva que utilizou a entrevista semiestruturada para a obtenção dos dados. Participaram do estudo seis famílias, ou seja, nove pessoas, sendo seis familiares e três usuários que estavam em CP e foram referenciados pelo serviço de atenção básica do município de Santa Rosa, RS. Os dados foram transcritos e analisados de acordo com a técnica de análise temática. O projeto de pesquisa foi aprovado conforme parecer n° 4.465.843. Resultados: O primeiro aspecto abordado, referente à visão dos familiares sobre as fragilidades no cuidado desenvolvido, aponta a deficiência na coordenação deste. Com isso, os familiares manifestaram interesse por uma diferente atuação dos profissionais da APS, à medida que foi percebida uma discrepância entre o servico desenvolvido no posto de saúde e o da visita domiciliar (VD). A VD conferiu maior sentimento de segurança e credibilidade entre as famílias, em comparação aos outros serviços. Relacionam com o fato de que, nas visitas, há maior orientação e apoio para com os familiares. No entanto, foi relatado que os profissionais, muitas vezes, somente fazem a VD quando acompanhados dos estudantes em estágio. Mencionam o desejo familiar de que a equipe tenha uma maior dedicação no atendimento aos pacientes paliativos e suas necessidades. Referem concepções e crenças pessoais e populares sobre o processo de adoecer e como agir frente a este, com base em experiências anteriores. Consideram, por exemplo, a possibilidade de acrescer à conduta terapêutica tratamentos alternativos para alívio de sintomas, como a utilização de chás e plantas medicinais. Frisam, também, a contribuição de tais medidas alternativas para a sensação de utilidade, ao poder realizar em casa práticas terapêuticas que auxiliam no conforto e alívio de sintomas, especialmente se utilizadas concomitantemente à terapêutica médica utilizada. Considerações Finais: destaca-se a importância de conhecer as perspectivas familiares sobre as ações desenvolvidas na atenção básica como forma de instigar a reflexão de como os CP se apresentam para a comunidade. A abordagem em CP exige capacitação dos profissionais, para que estes possam formar vínculo e ficar mais próximos das necessidades do núcleo familiar, assegurando a continuidade do cuidado em todos níveis de saúde e auxiliando na elaboração de estratégias para melhorar a qualidade de vida deste e do enfermo.