Apresentação: De origem brasileira, o plantão psicológico é uma intervenção clínica breve, caracterizado como um atendimento que se encerra em si mesmo sem duração pré-determinada, objetivando receber o cliente que busca ajuda no momento mais próximo possível de sua demanda, constituindo, assim, uma clínica das urgências psicológicas, potente na promoção de saúde e na prevenção do adoecimento. Este trabalho relata a experiência de estagiários de psicologia em uma ação de plantão psicológico vinculada à campanha do Janeiro Branco, mês da conscientização sobre a saúde mental, na unidade de saúde ocupacional e segurança no trabalho de um hospital universitário federal da região Norte do Brasil. Desenvolvimento: Após divulgação prévia dos horários de atendimento e de outras atividades de promoção de saúde mental entre os funcionários do hospital, a equipe de psicologia se dividiu em dois consultórios, um no prédio principal do hospital e outro na referida unidade, em dois dias da semana, nos turnos matutino e vespertino, colocando-se à disposição, de plantão, para receber os profissionais do hospital que procurassem atendimento psicológico, por livre demanda. No total, foram realizados 10 atendimentos, dos quais a maioria no turno da manhã. A proposta era de acolhimento dos servidores efetivos e terceirizados do hospital, na modalidade de plantão psicológico, estes últimos sobretudo por não serem assistidos pelo setor de saúde do trabalho da organização. Resultados: No alinhamento da equipe do hospital com os discentes, os voluntários propuseram a elaboração de um material informativo sobre serviços de apoio emocional externos à instituição e gratuitos, que seriam divulgados para os assistidos conforme a necessidade. As divisões de horário para o atendimento, bem como as orientações sobre fluxo de atendimento na unidade de saúde do trabalhador, foram alinhadas entre os participantes. No decorrer dos dois dias, os atendimentos refletiram demandas de sofrimento frente à organização do trabalho e a abusos de autoridade, categorizados pelo discurso dos atendidos como práticas de assédio moral; a troca de carreira, mediante realização de outros concursos públicos; o luto relacionado ao envelhecimento, ao fechamento de ciclos profissionais e à morte de familiares; a regulação de emoções, como a raiva, que provocam conflitos no ambiente de trabalho; a ansiedade e a depressão, associadas à ideação suicida, como causas de taxas de absenteísmo; e o esgotamento mental devido ao excesso de trabalho. Considerações finais: A experiência proporcionou aos discentes a vivência do plantão psicológico em contexto organizacional e no âmbito hospitalar, cumprindo a premissa da intervenção que é a de acolher a pessoa em um encontro único por meio da escuta empática. Para além da urgência em uma demanda específica, percebeu-se que o plantão psicológico contribuiu para o acolhimento dos servidores sem a distinção do vínculo na instituição, reconhecendo que a escuta proporciona a expressão do que se sente e possibilita uma visão do que, no momento, está em seu campo de possibilidades. Como prática de extensão, a experiência proporcionou a visualização prática do campo de atuação do profissional de Psicologia, em uma dinâmica teórica-prática.