Durante o estágio do internato em estratégia de saúde da família, um pequeno grupo de estudantes de medicina da Universidade Católica de Pelotas, executou um projeto de intervenção na Casa do Carinho em julho de 2023, a qual é um abrigo para crianças institucionalizadas. O intuito desse projeto era fornecer orientações em saúde para que as cuidadoras das crianças e adolescentes pudessem adquirir o conhecimento de reconhecer doenças prevalentes nessa fase da vida e lidar, de maneira mais assertiva, em situações inesperadas. A fim de realizar-se uma conversa sobre o assunto, os alunos, prepararam uma apresentação de slides para as cuidadoras, no próprio abrigo, visando mostrar, com vídeos, e demonstrar presencialmente, em bonecos, manobras de emergência para engasgo, como se portar durante um evento de emergência, além de, ensinar avaliar de maneira eficaz a qual serviço de saúde deve-se levar o paciente, a depender da condição deste e do ocorrido no momento. Após a apresentação, foi aplicado um breve questionário com 7 perguntas em formato verdadeiro ou falso para avaliar a compreensão do que foi apresentado, o qual teve resultados satisfatórios na maioria dos tópicos abordados, com 87% de acerto total. Porém, as causas mais prevalentes e também mais recorrentes na busca de atendimentos na faixa etária das crianças, tanto na Unidade Básica de Saúde (UBS) como em Pronto-Atendimentos (PA), foram os temas que apresentaram maiores dificuldades durante as respostas e consequentemente maiores erros de gabarito, mesmo com a apresentação prévia dos temas. Os temas de maior dificuldades abordavam questões de epistaxe, prevenção/ocorrência de acidentes e febre, com um percentual de erro de quase 30 % em cada questão citada. Com isso em vista, após a análise dos dados obtidos no questionário, foi decidido fornecer um material educativo para as cuidadoras com todos os temas abordados durante a apresentação, com a intenção de reforçar o conhecimento dos tópicos que já possuem um certo domínio e aprimorar aqueles que apresentaram maior dificuldade, visando uma melhor conduta para as crianças do abrigo. Além disso, os estudantes se preocuparam no caso de ocorrer alguma situação em que as cuidadoras apresentem alguma dúvida em relação a determinada situação, assim, o material estará disponível na própria casa para uma consulta rápida. Durante a intervenção realizada, foi possível notar a falta de preparo desses profissionais, onde a maioria não possui ensino superior ou qualquer conhecimento sobre doenças mais prevalentes nas diferentes faixas etárias das crianças que ali estão, além de não possuírem treinamento de primeiros-socorros, como também, não saberem para qual serviço de saúde devem direcioná-los quando surge algum problema de saúde. Dessa forma, precisam de mais orientações sobre como devem agir em uma situação inesperada para melhor cuidar dessas crianças. Além da preocupação física e da saúde destas, o cuidado precisa ser muito mais amplo visto que dentro da casa, onde é o abrigo, muitas crianças não consideram um lar e não se sentem totalmente acolhidas, o que interfere de maneira direta na saúde dessa população.