As atividades aqui refletidas ocorreram em 2022. Os objetivos principais foram construir um plano de ação junto a um território quilombola como um dos produtos do curso “Racismo, luta pela terra e direito à saúde”, ofertado pela Universidade de Pernambuco (UPE), e problematizar a realidade vivida nesse território, buscando ressignificá-la e transformá-la de forma histórico-crítica, considerando as singularidades e necessidades da comunidade, com ênfase nas questões raciais. Foi elaborado um Diagnóstico Rural Participativo (DRP) a partir de três encontros com algumas referências e lideranças de uma comunidade quilombola de Castainho, localizada no Agreste Meridional, a fim de conhecer sua história de constante resistência. Utilizou-se como ferramenta a Matriz de Organização Comunitária (Matriz FOFA) para identificar e avaliar as fortalezas e fragilidades presentes dentro da comunidade, bem como as oportunidades e ameaças externas que exercem influência sobre ela. O uso da Matriz FOFA revelou questões significativas em relação aos eixos de saúde, cultura e educação, atravessadas por violências decorrentes do racismo institucional, ameaças ao território e descaracterização da comunidade por parte de instituições e/ou projetos direcionados a ela. Contudo, também foi perceptível o desejo da comunidade de manter vivas as tradições existentes e potencializar seu protagonismo a partir do fortalecimento e apropriação da sua identidade quilombola. Em conjunto, decidiu-se focar no fortalecimento da identidade negra e quilombola através de espaços de diálogo sobre a importância do quesito raça/cor e da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Desta forma, pode-se fomentar discussões sobre esse elemento, levantado como fundamental pelo grupo da comunidade, que sente na pele as dificuldades enfrentadas devido ao preconceito, discriminação e apagamento da identidade negra por parte de instituições e grupos externos à comunidade. Almejou-se fortalecer o debate acerca do quesito raça/cor, considerando o que foi construído junto à comunidade e a necessidade da continuidade dessa afirmação na luta quilombola. Mesmo que essa comunidade possua o reconhecimento de parte de suas terras, segue sob ataques racistas de várias dimensões, assim como as demais comunidades quilombolas ao redor, que ainda estão em busca do reconhecimento e demarcação de seus territórios.