A maternidade é um momento ímpar na vida de mães, pais e familiares que estejam envolvidos nessa experiência de vida. O seu conceito é mutável, pois, é construído a partir da concepção biopsicossocial do que é tornar-se “mãe”. Dessa forma, pode-se conceber a ideia de que a maternidade é algo que transita entre “os tempos”, preservando práticas do passado em paralelo com o aperfeiçoamento da prestação da assistência. Nessa mesma perspectiva, a transformação do conceito de saúde ao longo da história exigiu a transformação das práticas assistenciais. Com isso, a inserção da equipe multiprofissional na prestação de cuidados que antes eram predominantemente biomédicos, consolida-se como uma estratégia de organização do trabalho que articula diferentes saberes a fim de abarcar a complexidade do sujeito. Visto isso, este estudo objetiva relatar a importância da atuação de residentes multiprofissionais no acompanhamento à mulher do pré-parto até o puerpério imediato no contexto hospitalar. Destarte, este relato centraliza-se no desenvolvimento de atividades que os residentes de diversas categorias (enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia e serviço social) desempenharam em um recorte temporal de sete dias em uma maternidade de baixo-risco. Ao todo, foi prestado assistência a 18 usuárias, com idade média de 28 anos. Esse quantitativo é referente apenas as usuárias que os residentes conseguiram realizar acompanhamento no período por meio de ações e visitas multiprofissionais ao leito de internamento do pré-parto até o alojamento conjunto. Dentre as ações realizadas, destacaram-se o acolhimento da mulher e seus familiares ao pré-parto por meio de escuta qualificada; manejo da dor com métodos não farmacológicos para a parturiente em trabalho de parto (deambulação, massagens, banho de aspersão, bola suíça, respiração consciente, etc.); promoção e incentivo a educação alimentar e nutricional adequada para genitora e lactente; incentivo ao aleitamento materno exclusivo; compreensão e identificação de causas sociais para nortear os encaminhamentos pertinentes para minimização de vulnerabilidades; garantia e defesa de direitos estabelecidos na legislação vigente das políticas sociais e públicas de saúde; além de ações voltadas para educação em saúde sob a ótica da multidisciplinariedade sobre a saúde materno-infantil. Com isso, constatou-se que a experiencia dos residentes neste setor foi considerada de grande relevância, visto que a atuação ocorreu por meio de tecnologias leves de cuidado, possibilitando discussões de caso, educação em saúde, intervenções para o fortalecimento do planejamento familiar, assistência por cada categoria profissional e encaminhamentos oportunos à rede assistencial. Assim, concretizou-se um modelo assistencial amplo, complexo e multidimensional, bem como, focado nas necessidades de saúde, atuantes no processo de saúde-doença no plano individual e coletivo. O cuidado dispensado as usuárias que estão na maternidade, desde o atendimento no pré-parto, parto e recuperação no puerpério imediato ultrapassou a centralidade do manejo clínico, isto é, transcendeu o aparente, as queixas clinicas, a concepção biologicista determinada pelos modelos hegemônicos ainda vigentes no sistema público de saúde. Além disso, a atuação multiprofissional favoreceu o reconhecimento da realidade social e das diversas facetas envolvidas no cuidado não somente das puérperas, como também de seus núcleos familiares e de apoio.