Os Acidentes por Transportes Terrestres (ATT) se constituem como situação de amplo impacto para a saúde pública brasileira. Anualmente, milhares de pessoas são vítimas de acidentes que repercutem diretamente na elevação dos números de morbimortalidade. Visto isso, o governo, estados e municípios têm atuado no desenvolvimento de estratégias que visem a redução das taxas de morbimortalidade e de reeducação no trânsito. Um dos estados que se destaca é Pernambuco, pois desde 2010, implementou Unidades Sentinelas de Informação sobre Acidentes de Transporte Terrestre (USIATT) nos hospitais que integram as gerências regionais de saúde, contando com, atualmente, 17 unidades. O intuito principal é criar uma rede de vigilância e alerta para geração de dados sobre vítimas (fatais ou não), que são recepcionadas nesses hospitais. Com isso, o estado de Pernambuco atribuiu o caráter de notificação compulsória todo ATT, como meio de alimentar o Sistema de Informação sobre Acidentes de Transporte Terrestre (SINATT). Visto isso, este estudo objetiva apresentar dados sobre o perfil sociodemográfico de ATT da V gerência regional de saúde de Pernambuco. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa. A coleta se deu com dados secundários oriundos do SINATT, referentes ao período de 01 de janeiro de 2022 até 06 de maio de 2024. No que compete a análise, os dados já são tabulados automaticamente pelo sistema, apresentando seus dados em formato de tabelas de frequência absoluta. Os resultados apontam que no período retratado, foram realizadas 5.791 notificações pela unidade sentinela da V regional de saúde de Pernambuco. Somente no ano de 2023, em média, foram cerca de 482,6 notificações mensais. Dos mais de cinco mil ATT ocorridos no período pesquisado, 75.7% ocorreram com o público masculino, na faixa-etária de 20 a 39 anos (58.3%). O grupo étnico que expressou maior vulnerabilidade foi o de pardos e pretos com 93% dos ATT. Quanto aos dados sobre os ATT, percebeu-se que 68% ocorreram na zona urbana, nos finais de semana (38%), no período vespertino (65%). Além disso, a natureza do acidente é mais recorrente na colisão e capotamento com 34 e 40%, respectivamente. O tipo de vítima é, prioritariamente, o condutor (75%), sendo relacionado diretamente com o tipo de veículo (moto: 75%) e causas do acidente (sem cinto de segurança: 28%; sem capacete: 29%; uso de bebida alcoólica: 15%). Os dados referentes as condições de saúde dos usuários ao chegar na unidade sentinela mostraram fragilidades, visto que o número de preenchimento como “ignorado” sobrepujava os demais dados, gerando viés de interpretação. Com isso, constata-se que essa estratégia contribui de maneira direta para a prevenção de ATT, a partir da compreensão do perfil de vítima, causas e consequências decorrentes dos acidentes. Além disso, os dados configuram-se como indicadores relevantes para a regional de saúde e estado por contribuir com o desenvolvimento de políticas públicas e medidas preventivas e de promoção à saúde, pautadas na observância da multicausalidade do fator e proposições de ações intersetoriais.