PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DEPRESSIVOS APÓS INFECÇÃO POR COVID-19 NA GRANDE VITÓRIA, ESPÍRITO SANTO

  • Author
  • Ana Beatriz Trindade Ramalho
  • Co-authors
  • Tatiane Natal Scarparo , Anne Lara Ribet Kill , Lara Bourguignon Lopes , Aebe Alves Torres , Roberta Ribeiro Batista Barbosa
  • Abstract
  • Apresentação: A COVID-19 é uma doença respiratória infecciosa provocada pelo vírus SARS-CoV-2. Na maioria dos casos, sua forma aguda cursa com sintomas leves ou moderados, como febre, dor de cabeça, calafrios, dor de garganta, coriza, dores musculares, perda ou alteração do olfato e paladar e, normalmente, a recuperação ocorre de forma rápida. Entretanto, a literatura evidencia a persistência ou o surgimento de sinais e sintomas até três meses após a infecção, com duração mínima de dois meses, não podendo ser explicado por um diagnóstico alternativo, caracterizando a Covid Longa. 

    O comprometimento da saúde mental tem sido documentado como um dos sintomas de Covid longa. Em surtos anteriores de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), evidenciou-se que o isolamento necessário para conter a disseminação dos vírus pode rapidamente ocasionar episódios depressivos. Sendo assim, é crucial compreender como os sintomas depressivos afetam essa população, uma vez que podem prejudicar a qualidade de vida e a função social dos indivíduos no cenário atual. 

    No estado do Espírito Santo, não foram encontrados estudos dedicados a avaliar a prevalência de sintomas depressivos na população, gerando uma lacuna significativa no mapeamento das condições pós-COVID, bem como no planejamento e execução de ações voltadas para atender às necessidades dos afetados. Dessa forma, compreender a extensão do impacto psicológico do COVID-19 se torna um desafio complexo.  

    É importante ressaltar que a população de um estado é heterogênea, justificando a variação do perfil sociodemográfico e econômico observada nos estudos. Além disso, a ausência de estudos específicos dificulta a identificação dos grupos mais vulneráveis. 

    Portanto, o objetivo desta pesquisa foi determinar a prevalência de sintomas depressivos em pessoas que tiveram COVID-19 entre fevereiro e julho de 2023 na Grande Vitória, Espírito Santo.  

    Desenvolvimento: Trata-se de um estudo observacional transversal de abordagem quantitativa, realizado com indivíduos de idade igual ou superior a 18 anos, registrados no sistema “e-SUS Vigilância em Saúde”, que tiveram COVID-19 confirmado através do teste PCR-RT entre fevereiro e julho de 2023 na Grande Vitória, Espírito Santo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética sob CAE 33249120.2.0000.5065.  

    A seleção dos participantes foi feita a partir de uma lista fornecida pela Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo, contendo as informações: nome, idade, data do teste PCR-RT, município e telefone. Os participantes foram contatados via ligação telefônica, no período de agosto a dezembro de 2023, e os que aceitaram participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) de forma on-line e responderam a um questionário estruturado para traçar os perfis sociodemográfico, econômico, comportamental, condições de saúde, e presença de sintomas depressivos.  

    Foram excluídos os contatos que vieram a óbito dentro do período, aqueles que não atenderam a ligação após três tentativas, que recusaram a entrevista por qualquer justificativa, com contato disponibilizado inválido e que possuíam algum comprometimento de saúde que o impedia de responder o questionário de forma independente. 

    A caracterização do perfil sociodemográfico foi realizada através das variáveis: idade, sexo, raça, escolaridade, presença de companheiro, filhos, número de filhos quantidade de moradores na residência e município que reside. O perfil econômico foi composto por: trabalho atual (sim/não), horas trabalhadas, renda fixa, principal provedor da família (sim/não), benefícios do governo (sim/não) e se houve mudanças no trabalho após a pandemia. o após a pandemia.  

     

    O perfil comportamental constituiu-se das variáveis tabagismo, etilismo, prática de atividade física e lazer e, as condições de saúde incluídas foram: doenças e cirurgias prévias, internação por COVID-19, cobertura vacinal e sintomas agudos da infecção.  

     

    Os sintomas depressivos foram investigados através da Escala de Depressão e Ansiedade e Estresse-21 (DASS-21), composta por 21 questões adaptadas e validadas para a língua portuguesa. A escala classifica os sintomas de depressão em: 0-9 ausência de sintomas depressivos; 10-12 sintomas leves; 13-20 moderados; 21-27 severos; e 28-48 extremamente severos. 

     

    A análise descritiva das variáveis qualitativas foi reportada através de frequências absolutas e relativas, enquanto as quantitativas expressas em média e desvio padrão, após teste de Kolmogorov Smirnov para normalidade de dados.  

     

    Resultados: Dos 974 participantes elegíveis para a amostra, 678 não atenderam a ligação telefônica ou o telefone para contato estava inválido, 113 se recusaram a participar, 20 vieram a óbito, 11 possuíam algum comprometimento de saúde que os impedia de responder o questionário, e 9 não assinaram o Termo de Consentimento, totalizando uma amostra final de 143 participantes.  

  • Keywords
  • COVID-19, Saúde Mental, Depressão, Epidemiologia
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
Back