Apresentação: A profissão farmacêutica passou historicamente por diversas transformações. O perfil técnico do farmacêutico voltado para os medicamentos deu lugar gradativamente à formação de um profissional com foco no cuidado da saúde do indivíduo, da família e da comunidade. Desde o final da década de 1990, os princípios humanísticos e holísticos da atenção farmacêutica têm sido implementados nos cursos de farmácia, mas esta prática tem ganhado maior destaque nos últimos anos. Portanto, a construção do conhecimento e da identidade dos farmacêuticos são atualmente temas de constante debate. Comunidades de prática, que são grupos organizados de pessoas com um interesse comum num domínio técnico específico, têm sido uma abordagem utilizada em diversas profissões de saúde. As comunidades de prática possuem como características essenciais as interações sociais dos membros, o compartilhamento de conhecimento, a colaboração mútua e o desenvolvimento de uma identidade compartilhada. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi reunir estudos que descrevam as contribuições das comunidades de prática como estratégia de ensino e aprendizagem na formação de farmacêuticos, especialmente na prática da atenção farmacêutica.
Desenvolvimento do trabalho: Foi realizada uma revisão integrativa com busca de artigos científicos nas bases de dados eletrônicas Embase, ERIC, MEDLINE (PubMed), PsycInfo, CINAHL, Cochrane e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). A busca foi realizada sem restrições de tempo ou idioma, utilizando uma combinação dos seguintes descritores e seus sinônimos ("communities of practice" OR "community of practice" OR "community of learner" OR "community of learners") AND (“Clinical Pharmacists” OR “Clinical Pharmacist” OR “Medication Therapy Management” OR “Management, Medication Therapy” OR “Therapy Management, Medication” OR “Drug Therapy Management”). Dois revisores selecionaram os estudos de forma independente e as discrepâncias foram resolvidas por um terceiro revisor.
Resultados: Do total de 602 artigos, apenas uma publicação foi incluída. Por meio desta revisão foi possível observar que a utilização de comunidades de prática na formação de farmacêuticos ainda é incipiente. Embora apenas um estudo tenha sido incluído, seus resultados demonstram que essa abordagem tem um efeito positivo na formação farmacêutica, sendo capaz de proporcionar um ambiente acolhedor e preparar estudantes e profissionais recém-formados para a prática clínica, com base em exemplos positivos e no apoio de profissionais mais experientes. Portanto, a utilização das comunidades de prática como suporte no processo de formação e educação continuada/permante em farmácia é válida desde que sejam espaços bem organizados, que atendam às demandas dos participantes e estejam alinhadas às mudanças propostas nas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2017 para o curso de Farmácia e aos princípios do Sistema Único de Saúde.
Considerações finais: A implementação de comunidades de prática voltadas à prática da atenção farmacêutica é uma iniciativa interessante no atual contexto brasileiro, em que o curso de Farmácia vem passando por profundas mudanças no que diz respeito à prestação de serviços clínicos.