No dia a dia da prática clinica dos cirurgiões dentistas em âmbito de atenção primária a situação de urgência mais acometida são dores por contaminação pulpar e/ou periapicais, porém, lesões por mordedura de animais também podem ser comuns. Acometem em sua maioria as crianças e, muito comumente, a região de face e lábios. O cirurgião dentista deve estar apto ao manejo clínico frente a essas lesões, pois, de acordo com a literatura, há um alto risco de infecção e necrose tecidual se houver um grande intervalo de tempo entre a injúria e o atendimento.
O objetivo do presente trabalho é relatar a experiência e conduta clinica do profissional odontólogo frente ao manejo dessas lesões, no município de Brejetuba-ES em âmbito de atenção primária da unidade de pronto atendimento local (UPA- Brejetuba).
Paciente, 22 anos, sexo masculino, vítima de mordedura animal, relatou estar a trabalho no município e ter sido agredido por um cão ao colocar o rosto no portão de uma residência para chamar pela moradora. Ele apresentava ferimento extenso lacero-contuso com perda de substância tanto em lábio superior como inferior, formando em conjunto um Y, duas lacerações superior e uma contínua em lábio inferior. Ao exame clínico, a ferida não apresentava sinais de infecção, o mesmo procurou o UPA em menos de seis horas após o ocorrido.
Foi realizada a antissepsia intra e extraoral com soro fisiológico a 0,9%, anestesia local para o procedimento, sutura com o fio que dispunha na unidade, nylon 5-0 em pontos simples e separados, seguido de curativo compressivo. Foi prescrito de medicação pós operatória de escolha a cefalexina 500mg de 06/06 horas por 07 dias, como antimicrobiano, nimesulida 100mg de 12/12 horas por 03 dias e dipirona 500mg de 06/06 horas por 03 dias, afim de diminuir a dor e inflamação do tecido no pós operatório. Foi orientado ao paciente sobre o ferimento ser uma ferida ‘’suja’’ devido ao local onde o mesmo realiza alimentação constante, então, ressaltado sobre a importância da higienização duas vezes por dia com soro fisiológico e troca do curativo. Orientado também sobre a não ingestão de alimentos com temperaturas muito altas e repouso até uma cicatrização inicial. Como o paciente não tinha informações atualizadas sobre sua vacinação foi administrado antitetânica, e, devido ao animal ser de procedência desconhecida o protocolo de imunização antirrábica também.
Resultados: A procura do paciente em recorrer ao pronto atendimento rapidamente aumentou o prognóstico do fechamento da lesão por primeira intenção, e, a destreza profissional também foi fator crucial para o sucesso. Protocolo de imunização deve ser sempre iniciado em casos como esse.
Conclusao: Trabalhar no SUS demanda estudo contínuo, o profissional deve ter completo domínio teórico-prático de formas tanto de prevenção como de intervenções clínicas de modo geral, não ficando apenas preso as práticas do seu dia-a-dia. A humanizaçao no atendimento foi importante, pois, mesmo o paciente não sendo morador do município, recebeu todos os cuidados e manejo clínico necessários para o sucesso do tratamento.