O Projeto de Práticas de Promoção da Saúde na Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi proposto com o objetivo de criar ambientes mais acolhedores dentro da Universidade por meio de práticas de promoção da saúde, encontrando na expressão artística um meio de promover encontros, afetos, laços, minimizando o sofrimento psíquico dos estudantes, visto que os relatos de ansiedade e dificuldades emocionais cresceram entre os universitários nos últimos anos. O projeto consiste na oferta de oficinas de arte, cultura e lazer como dança, canto, pintura, bordado, capoeira, desenho, além de yoga e meditação desenvolvidas por bolsistas de diversos cursos que propuseram tais atividades. Após dois anos de projeto, nos interessa analisar de que modo essas oficinas contribuem para o bem-estar dos estudantes participantes. A partir de uma perspectiva foucaultiana, procuramos compreender que efeitos a participação em tais atividades produzem na subjetivação desses sujeitos e na sua saúde mental. Nossa hipótese é de que a arte renova nossas interpretações a respeito do mundo e de nós mesmos, nos sensibiliza e viabiliza outras formas de manifestação dos afetos e daquilo que nos afeta. Dessa forma, essas oficinas podem ser uma potente ferramenta para a promoção da saúde dentro da Universidade, espaço por vezes bastante adoecedor na reprodução de uma racionalidade neoliberal que incentiva a competitividade, a produtividade e a busca incessante por excelência. Para isso, iremos realizar questionários com perguntas fechadas e abertas que nos ajudem a entender de que modo as oficinas afetam seus modos de ver, perceber suas próprias vidas e suas relações, uma vez que as atividades acontecem em grupo. A pesquisa faz parte de um projeto de mestrado sobre a saúde mental dos estudantes universitários e tem como objetivo compreender as relações entre o neoliberalismo e o sofrimento psíquico. Como primeiros resultados, pode-se afirmar que o sofrimento psíquico pode ser minimizado quando encontramos grupos, espaços e formas de resistência. A arte pode ser um espaço de resistência e de encontro consigo e com o outro, viabilizando o acolhimento e ajudando a desenvolver solidariedade e empatia nesse encontro com o outro, na expressão do afeto. E a partir dessa dimensão estética da vida, pode ajudar a restabelecer laços sociais desgastados dentro dessa racionalidade neoliberal somos todos subjetivados.