O câncer bucal é um problema de saúde pública e o odontólogo deve estar sempre a frente desse diagnóstico, que, realizado precocemente, aumenta significativamente o sucesso do tratamento oncológico. É uma doença multifatorial e em sua maioria de casos esta ligada ao tabagismo e o etilismo associado á uma predisposição genética, porém, temos visto na prática clínica que o uso de próteses mal adaptadas traumatiza constantemente as células da nossa mucosa oral causando alterações nas mesmas e podendo resultar em um câncer oral. Ainda existe na população, principalmente na zona rural, onde as vezes não chega informação, pessoas que desconhecem sobre o assunto. Por isso é tão importante os profissionais do sistema público promoverem ações informativas fora do consultório que façam com que as pessoas abandonem ou diminuam a exposição aos fatores de risco para doença.
O objetivo desse trabalho é salientar o papel do cirurgião dentista do SUS em compreender o seu paciente como um todo, o meio onde ele vive, crenças e cultura limitantes, relatando o atendimento á uma paciente idosa portadora de prótese oral no município de Brejetuba-ES.
Paciente, 62 anos, relatou usar uma prótese parcial confeccionada por um dentista prático a algum tempo, apesar de ter sentido incômodo desde o começo, a paciente não buscou outro profissional qualificado, e, com o passar dos anos esse incomodo foi aumentando o que levou a mesma ao atendimento público do município com a queixa de dor nas laterais do dorso da língua enquanto fazia o uso da prótese. Ao exame clínico além da paciente possuir uma variação anatômica, chamada língua fissurada, nas bordas da língua dela tinham duas linhas verticais muito demarcadas devido á injuria constante da prótese ali. Relatou também dormir com a prótese e não ter conhecimento e nem realizar a higienização da mesma.
Nesse primeiro atendimento foi orientada sobre o risco de uma prótese mal adaptada principalmente associada a uma higiene precária, além de ser um fator de predisposição cancerígeno, promove também a condição favorável para proliferação de fungos e bactérias o que é agravado ainda mais pela língua da paciente ser fissurada.
Tivemos uma conversa aberta para que fosse possível compreende-la e passar da melhor forma possível os ricos que ela estava correndo e o incentivo para a confecção de uma nova prótese.
Essa paciente em questão não possuía nenhum sintoma ativo do câncer bucal que são imprescindíveis para fechar o diagnóstico, apresentando apenas uma exposição a um fator de risco do qual sem orientação profissional e com o agravamento do tempo poderia vir a caracterizar uma lesão cancerígena.
Resultado: Foi visto que é um fator indispensável a promoção de saúde fora do consultório, muitos pacientes ainda não possuem orientação e ficam vulneráveis e expostos a fatores de risco.
Conclusão: Nós dentistas nao tratamos o câncer de boca, porem temos o DEVER de diagnósticar e encaminhar ao cirurgião oncologista de cabeça e pescoço. A prevenção ainda é o melhor remédio.