Apresentação: No cenário da saúde materna, o pré-natal é crucial para garantir o bem-estar da mãe e do bebê. Porém, em áreas de vulnerabilidade social, surgem desafios extras que demandam estratégias específicas. Durante o pré-natal de alto risco, é recomendada a assistência por uma equipe multidisciplinar, incluindo enfermeiros. Essa abordagem é vital para lidar com os obstáculos enfrentados por gestantes adolescentes em contextos desfavorecidos, melhorando os resultados materno-infantis e promovendo o bem-estar delas e de seus bebês. Desenvolvimento do Trabalho: Este relato de experiência visa destacar a eficácia de uma abordagem educacional aplicada durante consultas de pré-natal de uma adolescente inserida em contexto socioeconômico desfavorecido. A gravidez na adolescência, especialmente em ambientes de vulnerabilidade socioeconômica, apresenta desafios significativos para a saúde materno-infantil. Assim, o objetivo principal deste trabalho é descrever detalhadamente as estratégias educacionais implementadas durante o acompanhamento pré-natal da adolescente, visando não apenas fornecer informações sobre saúde materna e fetal, mas também promover o autocuidado, a adesão ao tratamento e a tomada de decisões conscientes em relação à gestação e ao parto . O relato de experiência se baseia na atuação de acadêmicos do décimo semestre do curso de enfermagem durante o estágio supervisionado na assistência e administração na área de saúde coletiva, sob supervisão de uma enfermeira. O trabalho foi conduzido na Unidade de Saúde da Família localizada em Altamira-PA, uma região caracterizada por altos índices de vulnerabilidade socioeconômica e elevadas taxas de gravidez na adolescência. Resultados: Gestante, A.B.D.S, 16 anos compareceu à unidade para início de pré-natal. Consciente, orientada, verbalizando, colaborativa, deambulando, acompanhada pelo parceiro. No momento com queixa de sialorreia. Apresentou exame Beta HCG positivo. Não apresentou USG. Dados pessoais: informa amenorreia desde o último parto em 12/04/2023. Não foi possível calcular IG e DPP. Dados socioeconômicos: mora em uma residência de alvenaria na zona urbana, não possui animais. Informou que a renda familiar atual provém do bolsa família e de aposentadoria do parceiro que sofreu acidente de trabalho e é aposentado pelo INSS. Atualmente reside somente com parceiro e com sua filha. Antecedentes familiares: sofreu abandono parental e foi criada pela avó, não informou se materna ou paterna. Histórico de HAS por parte da avó e histórico de gemelaridade por parte das duas irmãs. Antecedentes pessoais: nega DM, HAS, cardiopatia. Informou ITU após o último parto. Histórico de asma e não informou uso de medicações. Informou que perdeu sua carteira de vacinação e não recordava se o esquema vacinal estava completo. Antecedentes ginecológicos: menarca aos 13 anos, período menstrual de 3 dias. Sexarca aos 14 anos e informou que não fazia uso de anticoncepcional. Possui histórico de sífilis. Antecedentes obstétricos: 1º gestação aos 14 anos sem intercorrências, parto cesariano sem intercorrências, nega aborto prévio. Informa amamentação até o presente momento. Não possui contato com o genitor da 1ª filha. Gestação atual não planejada, porém, refere boa aceitação. Informa que não faz uso de álcool e suspendeu o uso de tabaco. Nega uso de outras drogas. Nesse sentido, durante o período de março de 2024, foram implementadas diversas estratégias educacionais, incluindo aconselhamento durante as consultas de pré-natal e educação em saúde de maneira humanizada e lúdica com objetivo de educar a gestante sobre saúde materna e fetal, gestação saudável e parto seguro, como: educação acerca dos direitos que ela possui durante a gestação e puerpério, nutrição saudável, cuidados pessoais e com a saúde bucal, importância da vacinação durante a gestação para prevenir doenças como a gripe e a coqueluche, além de orientações sobre medidas para evitar infecções, como a toxoplasmose, benefícios do banho de sol nos seios, informações sobre os diferentes tipos de parto, técnicas de relaxamento e respiração para o trabalho de parto, e discussão sobre as preferências da gestante em relação ao parto, orientações sobre os cuidados com o recém-nascido, incluindo a amamentação exclusiva até os 6 meses e o reconhecimento de sinais de alerta de problemas de saúde no bebê, orientações sobre os benefícios da amamentação para o bebê e para a mãe, técnicas corretas de amamentação, como posicionar o bebê para mamar e como lidar com possíveis dificuldades, como fissuras mamárias e ingurgitamento mamário, discussão sobre métodos contraceptivos pós-parto e apoio à decisão da gestante, aspectos emocionais da gestação e da maternidade, oferecendo suporte psicológico e orientações sobre como lidar com as mudanças emocionais e os desafios da maternidade, reforço da importância de realizar consultas pré-natais regulares para monitorar o desenvolvimento da gestação, detectar precocemente possíveis complicações e garantir um parto seguro, incentivo à adesão das consultas de puerpério e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do bebê, alerta sobre os danos causados pelo consumo de drogas ilícitas e álcool durante a gestação, incluindo os riscos de aborto espontâneo, parto prematuro e defeitos congênitos, e incentivo à abstinência durante a gestação, explicação sobre os diferentes exames de rotina realizados durante o pré-natal, como ultrassonografias, exames de sangue, urina e teste rápidos, e sua importância para monitorar o desenvolvimento do bebê e detectar precocemente quaisquer problemas de saúde, educação sobre os sinais e sintomas que podem indicar uma gestação de alto risco, como pressão alta, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e problemas de saúde pré-existentes, e orientação sobre o acompanhamento especializado necessário nessas situações, educação sobre os sinais e sintomas que podem indicar complicações durante a gestação, como sangramento vaginal, dor abdominal intensa, inchaço repentino, diminuição dos movimentos fetais e febre, e instruções sobre quando procurar atendimento médico imediato, sinais de parto e orientação acerca da conduta que a gestante deve realizar ao perceber esses sinais e orientação sobre a localização do hospital de referência para gestantes dentro do município em questão e abordagem sobre os direitos trabalhistas da gestante, licença-maternidade, licença-paternidade. Vale ressaltar, ainda, que essas abordagens foram adaptadas às necessidades específicas das adolescentes e ao contexto sociocultural em que estavam inseridas. Através das sessões educativas e do apoio recebido durante o pré-natal, ela se manifestou mais preparada e capacitada para enfrentar os desafios da maternidade. Isso se refletiu em uma maior participação ativa no processo de cuidado com a gestação e no desenvolvimento de uma postura mais proativa na tomada de decisões relacionadas à saúde de seu filho. A análise dos dados revelou resultados promissores da abordagem educacional no pré-natal da adolescente em contexto socioeconômico desfavorável. Houve aumento significativo no conhecimento sobre saúde própria e do bebê, resultando em decisões informadas. Ademais, houve melhor adesão ao tratamento pré-natal, incluindo consultas regulares e práticas saudáveis durante a gravidez. Isso contribuiu para uma gestação mais saudável e prevenção de complicações. A autoestima e confiança da adolescente em relação à maternidade também aumentaram. Considerações Finais: Em síntese, os resultados deste relato enfatizam a importância da abordagem educacional no pré-natal de adolescentes em contextos desfavorecidos. Ao fornecer informações abrangentes e fortalecer a autoconfiança, essa abordagem promove uma gestação saudável e reduz riscos associados à gravidez precoce. No entanto, sua eficácia depende do apoio contínuo durante todo o processo gestacional e pós-parto. É crucial garantir acesso universal a serviços de saúde de qualidade e integração com programas de educação sexual e reprodutiva para prevenir a gravidez na adolescência e promover relações saudáveis entre os jovens. Isso é essencial para reduzir significativamente as taxas de gravidez na adolescência e melhorar a saúde e o bem-estar das adolescentes e suas famílias.
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