Introdução: No Brasil, as doenças parasitárias representam um grave problema de Saúde Única, uma vez que são decorrentes da interação com o meio, das condições às quais as pessoas são expostas, suas atitudes e relações com outras espécies animais. Essas enfermidades acometem sobretudo as populações de baixa renda, sendo um dos indicadores de qualidade de vida. O ensino de Parasitologia, que integra a grade curricular de diversos cursos de graduação da Saúde, demonstra ser uma disciplina em que os estudantes apresentam dificuldades de aprendizagem, geralmente relacionada a necessidade de memorização de nomes, ciclos e conceitos sem clara conexão com a atuação prática. Objetivos: O presente trabalho pretendeu contribuir para a educação em saúde e qualidade de vida de uma comunidade de baixa renda, oferecendo informações para os estudantes do ensino fundamental sobre doenças parasitárias, apresentadas por acadêmicos de Medicina Veterinária. Metodologia: Foi realizado um evento de Ensino e Extensão intitulado “II Mostra Socioeducativa de Parasitologia”, envolvendo discentes e docentes da disciplina Parasitologia Veterinária II do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Durante dois dias, os graduandos foram responsáveis pela apresentação de oficinas e exposições para alunos na faixa etária de 8 a 11 anos do 3º ao 5º da Escola Estadual de Ensino Fundamental Prof. Virgílio Libonati, que fica localizada dentro do Campus de Belém da UFRA. Resultados: Foram apresentados 17 trabalhos, que abordaram temas como toxoplasmose, mosca doméstica, leishmaniose, doença de chagas, miíases, pediculose, hemoparasitoses, dirofilariose, sarnas, complexo teníase cisticercose, além de artrópodes vetores de parasitoses. As atividades pedagógicas realizadas incluíram o uso de microscopia para a observação de endo e ectoparasitas do acervo do Laboratório de Parasitologia Animal, com as adaptações necessárias a faixa etária do alunos, o engajamento em jogos digitais, simulações e atividades lúdicas (histórias em quadrinhos, teatro de bonecos, vídeos) com material concreto. Durante a ação, foram registradas algumas das falas das crianças sobre as experiências: “É primeira vez que vejo um microscópio”; “Hoje, eu estou sendo cientista”; “Eu nunca fui à UFRA”. Esta última fala foi particularmente relevante, considerando que a escola está localizada dentro do campus, sugerindo o distanciamento entre a universidade e a comunidade de outras dimensões. Algumas crianças perguntaram se poderiam estudar na universidade e como isso seria possível. Já algumas impressões dos alunos de graduação eram manifestações do desejo de seguir a carreira de pesquisador e docente, falas sobre a fluidez do seu aprendizado durante a experiência e sobre ter tido prazer em contribuir para o bem-estar da comunidade. Conclusão: Projetos de extensão que promovam o contato do saber acadêmico com as necessidades da população são fundamentais para preencher uma importante lacuna na educação em saúde e inserção social das comunidades, além de permitir aos estudantes de graduação vivenciar problemas reais, promovendo interesse, motivação, participação, aprendizado e formando cidadãos conscientes do seu papel.
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