POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PARA HOMENS TRANS QUE GESTAM E PERSPECTIVAS PARA O (DES)CUIDADO INTEGRAL

  • Author
  • Matheus dos Santos Rodrigues
  • Co-authors
  • Lenise Szczecinski Maliszewski , Thalison Borges de Oliveira , Julia Peixoto Alves Decker , Juliane Portella Ribeiro
  • Abstract
  • Apresentação: Sob a ótica do perfil brasileiro, as pessoas travestigenere/transsexuais sempre estiveram às margens da sociedade convivendo com diversos tipos de violência, pelo fato de ostentarem sua identidade de gênero que contradiz o normatizado. Tais violências refletem nos direitos reprodutivos, especificamente à gestação por homens com útero (homens trans), levando em consideração que não possuem acesso sequer às necessidades básicas de saúde, como a realização do exame preventivo do colo uterino, devido ao predomínio condutas inadequadas que distanciam essa população dos serviços de saúde.  Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo explorar as políticas públicas de saúde no que tange a gestação do homem trans. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma revisão narrativa de literatura, cuja proposição é descrever o desenvolvimento sobre determinado assunto, do ponto de vista teórico ou contextual, analisando e interpretando a produção científica existente. Esta metodologia sintetiza conhecimentos a partir da descrição acerca de temas abrangentes, favorecendo a identificação de lacunas na bibliografia para subsidiar a realização de novas pesquisas. Resultados: A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis (LGBT) garante direitos sexuais e reprodutivos da população LGBT no âmbito do SUS, no entanto, as evidências científicas apontam para o descuidado, principalmente no que tange o processo de gestar do homem trans. Sabe-se que as políticas de saúde pública destinadas à população trans datam sua criação no fim do século XX. Em 2008, emerge no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) priorizando inicialmente as mulheres trans e após cinco anos incluindo os homens trans, entretanto, sem discorrer sobre o processo de gestar. Além disso, existe a barreira normatizadora de desconhecimento por parte dos profissionais de saúde, que invisibiliza essa população, agrega desconhecimento acerca de seu o contexto social e reverbera na resistência do uso do nome social destes usuários. Outrossim, tem-se que os ambientes de saúde são pouco convidativos e também há lacuna no conhecimento no que tange a demanda de serviços de pré-natal e/ou gestação de homens trans. Estas evidências trazem à luz as fragilidades e o despreparo dos profissionais de saúde na assistência à gestação do homem trans. Considerações finais: O descuidado com a população transmasculina no que se refere o processo de gestar no SUS é evidente, levando em consideração a falta de registros destes usuários acompanhados pelos serviços de saúde durante pré-natal e parto. Sabendo da existência de homens trans que gestam, onde têm sido atendidos estes usuários? O que torna ainda mais complexa a abordagem dos direitos reprodutivos destes, levando em consideração que não buscam por estes serviços de saúde. Assim, torna-se nítida a cisnormatividade do SUS e da comunidade acadêmica, uma vez que a produção científica acerca do ciclo gravídico-puerperal se direciona exclusivamente a mulheres cis e suas necessidades. Por esta razão, faz-se necessária a ampliação dos debates sobre possibilidades, além de construção de novos conhecimentos e formas de pensar o processo de gestar, centrando o cuidado na pessoa que gesta e nas famílias, sejam quais forem suas configurações.

  • Keywords
  • Homens trans, gestação, cuidado integral, políticas públicas
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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