Diversidade, saúde e trabalho: dialogando com trabalhadores do interior do Tocantins

  • Author
  • Cristina Silvana da Silva Vasconcelos
  • Co-authors
  • Francisco de Assis Neves Neto , Maria da Conceição de Sousa Costa , Paula Rey Vilela , Tiago Pereira da Silva , Robson José Silva
  • Abstract
  • Desde 2021, a Secretaria Estadual de Saúde do Tocantins instituiu o Programa Diversidade na Saúde (PDS) que envolve a construção de relações de respeito e acolhimento à diversidade no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O presente trabalho se trata de um relato sobre oficinas realizadas em unidades hospitalares do interior do estado voltadas para trabalhadores/as de saúde. As oficinas tiveram como objetivos proporcionar conhecimento e reflexão sobre conceitos como sexualidade, gênero, raça, etnia, religião, deficiência, neurodiversidade e outros marcadores sociais; abordar o impacto do preconceito e da discriminação na saúde mental; promover diálogos sobre formas de enfrentar a violência e o assédio moral e sexual no ambiente de trabalho e realizar um levantamento de propostas de melhorias para o acolhimento das diversidades nos serviços hospitalares. Utilizou-se uma abordagem educativa, crítica e reflexiva, priorizando a troca de experiências contextualizadas em cada território de saúde. As atividades ocorreram entre abril e junho de 2023 nos municípios de Gurupi, Dianópolis, Porto Nacional, Paraíso e Guaraí. A discussão foi embasada na perspectiva da determinação social da saúde, nos princípios da Política Nacional de Humanização (PNH), bem como em outras políticas de saúde do SUS, respaldadas por referências bibliográficas relevantes na área. Ao final, incentivou-se a formulação de propostas para aprimorar os serviços. Essas propostas foram consolidadas e apresentadas aos gestores, contribuindo para a elaboração dos respectivos planos de ação dos serviços de saúde. Participaram das oficinas 157 trabalhadores em Gurupi, 51 em Dianópolis, 129 em Porto Nacional, 32 em Paraíso e 190 em Guaraí, total de 559 representando diferentes regiões do Tocantins. Entre os pontos em comum, destaca-se: desinteresse e desconhecimento de conceitos em sexualidade - a aproximação desses conceitos foi crucial para promover compreender a sexualidade como um aspecto essencial do desenvolvimento humano; reprodução de falas e questionamentos embasados em crenças individuais sobretudo religiosas - o espaço possibilitou questionamentos e reflexões sobre falas preconceituosas que, muitas vezes, são naturalizadas no cotidiano laboral.  Os participantes as analisaram a partir dos princípios fundamentais da Constituição de 1988, dos princípios do SUS e das diretrizes da PNH. A população LGBT+ e outras minorias sociais são alvo de preconceitos e de estigmas dentro da sociedade, e no âmbito da saúde esse quadro infelizmente se repete. O preconceito por parte da população e dos trabalhadores da saúde acaba por afastar e impedir o acesso aos serviços de saúde, colocando esta população em uma situação de maior risco, expondo-a aos mais variados problemas de saúde. Entre as propostas construídas citam-se: realizar rodas de conversas e outras propostas de educação permanente; inserir a temática em colegiados gestores instituídos no serviço e criação de folders educativos. A abertura para a reflexão das/os trabalhadoras/es reflete o potencial de mudanças das práticas em serviço. Conclui-se que o diálogo coletivo é um dos caminhos para questionar e mudar a cultura que naturaliza comportamentos discriminatórios no trabalho a fim de criar uma cultura de paz e respeito às diferenças.

  • Keywords
  • diversidade na saúde, trabalho, marcadores sociais, saúde lgbt+
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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