Atuação do enfermeiro na gestão do cuidado em unidade de internação clínica cirúrgica: relato de experiência.

  • Author
  • Larissa Pereira Dorneles
  • Co-authors
  • Sahmira Vargas Chamorro , Raquel Potter Garcia , Bruna Sodré Simon
  • Abstract
  • Apresentação: O enfermeiro necessita de uma postura de liderança e coordenação, sendo capaz de planejar, decidir e organizar a prestação da assistência. Logo, esse profissional deve desenvolver competências que o permita agregar habilidades assistenciais e gerenciais, ou seja, realizar a  gestão do cuidado, visando atender as demandas do paciente, equipe e instituição de saúde. 

    Ao adquirir as competências necessárias para ser coordenador, o enfermeiro pode tornar-se capaz de direcionar as ações de sua equipe e estabelecer, a partir disso, os processos de trabalho na unidade em que atua. No âmbito hospitalar, onde o cuidar denota maior complexidade, o trabalho gerencial assume fundamental importância e faz-se necessário para a articulação com a equipe multiprofissional e serviços de saúde da rede. 

    Para isto, faz-se valer a Sistematização da Assistência (SAE), que surgiu no Brasil nas décadas de 1970 e 1980 e foi influenciada por Wanda de Aguiar Horta. A SAE utiliza de estratégias teóricas e práticas para tornar o trabalho científico, a fim de identificar e agir nas situações de saúde/doença, contribuindo para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde. 

    Sendo assim, torna-se fundamental como método de trabalho que subsidia as ações de assistência de enfermagem, organizando e operacionalizando a gestão do cuidado. Por meio da SAE proporciona-se um atendimento individualizado, atendendo as demandas de cada paciente, assim como, uma melhor organização do serviço e da equipe. 

    Mediante ao exposto, destaca-se a importância do ensino de tais competências na formação acadêmica, especialmente durante as vivências práticas no serviço de saúde. Isso possibilita um olhar direto e próximo para o trabalho que está sendo executado e permite o desenvolvimento de uma reflexão crítica acerca da gestão realizada pelo enfermeiro. 

    Dessa forma, torna-se oportuno debater sobre a atuação do enfermeiro na gestão do cuidado e a importância do preparo adequado na formação acadêmica. Portanto, este trabalho tem por objetivo relatar a atuação do enfermeiro na gestão do cuidado em unidade de internação clínica cirúrgica a partir de atividades práticas de discentes de enfermagem. 

    Desenvolvimento do trabalho: Relato de experiência de discentes de enfermagem acerca de atividades práticas desenvolvidas em unidade de internação clínica cirúrgica que ocorreram durante os componentes curriculares de Gestão do Cuidado I e Gestão do Cuidado II, do 4° e 5º semestre respectivamente, do Curso de Enfermagem de uma universidade federal do Rio Grande do Sul. As atividades foram desenvolvidas nos meses de abril a julho de 2023 e agosto a dezembro de 2023. Esses componentes objetivam desenvolver e implementar o Processo de Enfermagem na gestão do cuidado ao paciente em situações clínicas, crônicas e cirúrgicas na atenção hospitalar. Durante as atividades práticas os discentes são acompanhados por uma docente responsável que direciona as atividades de cuidados integrais com os pacientes. Além disso, os discentes têm contato direto com os enfermeiros/as da unidade, permitindo conhecimento da realidade profissional. Resultados: É atribuição do enfermeiro a liderança da equipe de enfermagem, sendo que este desempenha um papel de supervisionar e estabelecer um processo educativo e contínuo frente às atividades de todos. No entanto, durante as práticas, foram observadas, na unidade, algumas dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro no exercício de suas atribuições, como a alta demanda de pacientes e a dificuldade no trabalho em equipe.

    Ademais, notou-se o cuidar com uma perspectiva voltada ao modelo biomédico, no qual os profissionais de enfermagem adotam uma prática prescritiva, levando em consideração apenas o diagnóstico médico do paciente. Esse tipo de abordagem dificulta a integralidade do cuidado, indo contra aquilo que prevê a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). 

    Dentro da SAE, tem-se ainda o Processo de Enfermagem (PE), que pode ser considerado como um modelo metodológico para a elaboração das ações de enfermagem. Ele demanda que o enfermeiro agregue seus conhecimentos teóricos e práticos a fim de desenvolver um raciocínio clínico. 

    Ainda, outros obstáculos podem ser considerados para implementação do PE na unidade, como formação do enfermeiro, sobre carga de trabalho e cultura institucional. Tais dificuldades podem ser atenuadas através de um preparo adequado durante a formação acadêmica, ofertando aos discentes um maior contato com a SAE, tanto de forma teórica, quanto prática.

    Uma das atividades realizadas na unidade, durante as práticas, foi a execução da evolução de enfermagem, que foi realizada de uma forma sistematizada e conforme o guia de recomendações para registros de enfermagem, disponibilizado pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), no qual fornece aos profissionais de enfermagem o embasamento teórico para a construção de registros adequados contendo todas as informações pertinentes. 

    Esses registros de enfermagem, representam a qualidade da assistência e tornam-se importantes para a continuidade do cuidado, pois através delas é possível verificar e comparar os registros da equipe como uma forma de obter informações fidedignas acerca da evolução do paciente. Dessa forma, pode-se facilitar as passagens de plantão, garantindo assim a continuidade do atendimento aos pacientes.  

    Além dos registros, ocorreu a implementação do Processo de Enfermagem pelas discentes, fazendo uso de um raciocínio lógico fundamentado teoricamente, sendo empregado dentro das limitações encontradas no campo prático, como ausência de um instrumento específico para tal. Diante disso, destaca-se a realização de diagnósticos de enfermagem (DE) para os pacientes, possibilitando e facilitando o direcionamento do cuidado de uma forma precisa  e eficaz, dessa forma foi-se capaz de atender os problemas e necessidades dos pacientes, através da ótica do cuidado integral e individualizado. 

    Portanto, no decorrer das práticas na unidade, evidenciou-se a importância da implementação da SAE para garantir uma assistência de qualidade e voltada para as necessidades individuais de cada paciente. Para isto, o enfermeiro deve assumir o papel de gestor, utilizando de conhecimentos técnico-científicos, para liderar a equipe, a fim de organizar o atendimento e contribuir para a continuidade da assistência.

    Considerações finais: Conclui-se que as práticas na unidade foram essenciais para o processo de formação profissional e no desenvolvimento de habilidades necessárias para o fazer da enfermagem. Durante as atividades, foi possível aprimorar o raciocínio clínico, utilizando de conhecimentos teóricos para a aplicação da assistência, além de que as discentes construíram um olhar crítico e reflexivo acerca da gestão do cuidado ofertado no serviço.

  • Keywords
  • Cuidados de Enfermagem, Assistência Hospitalar, Equipe de Enfermagem
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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