Mortalidade por violência entre idosos segundo raça/cor nas cinco regiões do Brasil no ano de 2022

  • Author
  • Leonardo Rosa Monjeló
  • Co-authors
  • Lélia Cápua Nunes
  • Abstract
  • Apresentação: A proporção de idosos na população brasileira tem crescido nos últimos anos devido à transição demográfica. No entanto, a temática da violência contra a pessoa idosa não tem se inserido no debate público à mesma velocidade. Logo, o objetivo do estudo foi caracterizar as taxas de mortalidade por violência entre idosos nas cinco regiões do Brasil, segundo raça/cor, no ano de 2022. Desenvolvimento do trabalho: Tratou-se de um estudo ecológico de múltiplos grupos, exploratório. Os dados de mortalidade por violência em pessoas de 60 anos e mais foram extraídos do SIM, disponíveis no DATASUS. Foram considerados os óbitos com causas básicas classificadas de X85 a Y09 do capítulo XX da CID-10. Os dados de população de pessoas de 60 anos e mais foram extraídos do Censo 2022, disponíveis no IBGE. As categorias de cor preta e parda foram agrupadas na categoria raça negra. Os dados ignorados de mortalidade foram excluídos da análise e variaram de 0,76 a 1,64% para idade e de 0,97 a 1,77% para raça/cor. Foi realizado o método direto de padronização da taxa de mortalidade, por faixa etária, considerando a população brasileira de 2022 como padrão. As taxas padronizadas de mortalidade foram representadas pela letra “k”, logo, “k” expressa o número da taxa padronizada de mortalidade por violência por 100.000  idosos. Resultados: A maior taxa de mortalidade por violência foi encontrada entre idosos indígenas na região Centro-oeste (k=36,77). Nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste as mortes por violência foram maiores entre os idosos de raça negra (k=15,56; k=10,18 e k=4,21, respectivamente). Já nas regiões Sul e Centro-oeste, as mortes foram maiores entre os idosos brancos (k=6,01) e indígenas (k=36,77), respectivamente. A taxa de mortalidade por violência em idosos indígenas no Centro-Oeste foi 445% maior que entre idosos de cor branca e 314% maior que entre idosos de cor negra. Considerando somente as raças negra e branca, idosos da raça negra tiveram mortalidade por violência 152% maior no Nordeste, 80% maior no Norte e 31% maior no Centro-Oeste. Não houve óbitos por violência para a raça amarela nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, nem para idosos indígenas nas regiões Sudeste e Sul. Considerações finais: As maiores taxas de mortalidade por violência foram encontradas entre idosos indígenas e negros, com diferenças de óbitos maiores que o dobro em algumas regiões, comparadas às encontradas entre idosos brancos. Houve diferenças na distribuição das taxas de mortalidade segundo raça/cor entre as regiões, destacando a necessidade de considerá-las no planejamento e implementação de políticas e estratégias de enfrentamento a violência contra a pessoa idosa. Ficaram evidenciadas as iniquidades em saúde que marcam o país, uma vez que a discrepância encontrada nos indicadores pode refletir  desigualdades sociais e no acesso aos serviços de saúde. Destaca-se a necessidade de considerar a qualidade da informação, com a possibilidade de haver subnotificações.

  • Keywords
  • Mortalidade por violência, Violência contra a pessoa idosa
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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