Cobertura do consumo alimentar da população do Rio Grande do Sul no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)

  • Author
  • Danielle Signori de Carvalho
  • Co-authors
  • Vanessa Ramos Kirsten
  • Abstract
  •  

    Apresentação: Diante ao cenário de crescentes no número de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) e do consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) foi lançada a fim de otimizar as condições de alimentação, nutrição e saúde dos brasileiros. Para alcançar esse propósito, uma de suas diretrizes, “Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN)” visa a descrição e análise das condições de alimentação e nutrição da população, auxiliando na atenção nutricional e ações relacionadas à promoção da saúde, além de ainda destacar o uso do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) na rede pública como uma ferramenta importante para diagnosticar problemas nutricionais e auxiliar no planejamento de medidas que beneficiam a população, a partir de dados coletados dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao que condiz com saúde pública, é de extrema importância conhecer o padrão de consumo alimentar da população de forma coletiva e individual. Além de que, um sistema de informação como SISVAN, tem grande importância no âmbito da saúde, visto que transforma os dados previamente inseridos em informações que podem ser empregadas na formulação ou até reorientação de políticas públicas, tornando de grande importância a utilização deste sistema em referencia ao conhecimento do consumo alimentar da população. Portanto, este trabalho tem como objetivo descrever e comparar a cobertura do acompanhamento de consumo alimentar (CA) da população no estado do Rio Grande do Sul no SISVAN Web em todos os anos, além de demarcar detalhadamente a cobertura de cada faixa etária acompanhada no sistema.

    Desenvolvimento: Trata-se de um estudo de delineamento ecológico retrospectivo, com análise de dados secundários coletados na plataforma do SISVAN Web a partir dos relatórios consolidados sobre o registro do consumo alimentar da população do Rio Grande do Sul abrangendo todos os 497 municípios, entre os anos de 2015 e 2022. As fases da vida abrangidas no sistema foram divididas entre: Crianças de 2 a 4 anos; Crianças de 5 a 9 anos; Adolescentes (10 a 19 anos); Adultos (20 a 59 anos) e Idosos (acima de 59 anos). Gestantes foram excluídas por se tratar de um estudo focado na faixa etária. A coleta de dados foi feita exclusivamente com o banco de dados públicos disponíveis no site do SISVAN, que é alimentado pelo Ministério da Saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), disponível no endereço <http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/>. Foi utilizada uma planilha no programa Excel® para organização dos dados de registros coletados, e os números da população por faixa etária do Rio Grande do Sul foram coletadas a partir do TabNet®, sistema de dados estatísticos do site DATASUS. O indicador para averiguar o desempenho do SISVAN com relação ao acompanhamento do consumo alimentar (CA) foram o número de registros e a cobertura total, sendo esta última obtida pelo percentual de indivíduos com acompanhamento de CA no SISVAN Web, resultado da razão entre o número de indivíduos com registros de CA e a população usuária do estado de cada faixa etária, multiplicado por 100.

    Resultados: Ao longo dos anos, os registros de dados no Sisvan vêm mostrando um aumento ao longo dos anos na população em geral, considerando que no ano de 2015 foram registrados apenas 7.639 indivíduos, passando para 168.185 em 2022, um aumento de cerca de 2.202% mesmo com a influencia da pandemia de Covid-19, que diminuiu brevemente os registros nos anos de 2020 e 2021. Quanto a cobertura do CA, é possível perceber sua evolução no estado do Rio Grande do Sul, que, apesar de baixa, tem se mostrado significativa, indo de 0,07% a 1,57% (2015 e 2022 respectivamente). Assim como o total no estado, todas as faixas etárias analisadas tiveram baixo percentual de cobertura, porém com um breve aumento ao longo dos anos. A de crianças entre 5 e 9 anos foi a faixa etária que se mostrou mais crescente, indo de 0,08% em 2015 para 5,02% em 2022, se mostrando também o maior percentual do último ano entre as fases, sendo que a de crianças de 2 a 4 anos também mostra melhores valores em comparação as demais, indo de 0,16% a 2,81%. Já a faixa etária dos adultos mostrou o menor crescimento de cobertura, 0,06% em 2015 para 1,07% em 2022, percentuais semelhantes aos de idosos, que tiveram apenas 0,98% no último ano observado e 0,08% no primeiro. Enquanto isso, os adolescentes tiveram um crescimento de cobertura passando de 0,06% para 1,48%. Com os resultados obtidos, é possível observar uma diferença bastante significativa em relação as faixas etárias, sendo que o percentual de cobertura reduz junto ao avanço da idade. Isso reforça o tema de que os idosos se apresentam como um público de grande vulnerabilidade tanto na atenção primária a saúde quanto na área de nutrição, fenômeno que pode ser explicado por uma menor quantidade de políticas públicas voltadas à vigilância nutricional do idoso quando comparadas às crianças, por exemplo. Também é possível levantar a hipótese de que falta nos municípios pactuar a prioridade dos idosos na vigilância alimentar, em conjunto com mais profissionais nutricionistas inseridos nas unidades de saúde designados e capacitados para a coleta e registro de dados no SISVAN, a cobertura seria maior. Tudo isso reforça a necessidade da interprofissionalidade nas equipes de saúde e uma maior exigência para o cadastro de dados da população no sistema.

    Considerações Finais: A partir dos resultados apresentados no estudo, é possível perceber que, apesar dos baixos percentuais encontrados, está havendo um aumento na cobertura do consumo alimentar da população do Rio Grande do Sul ao longo dos anos. Porém, para que haja ainda mais destaque na a coleta de registro destes dados, se faz necessário a correta capacitação dos funcionários para que se entenda a importância dos registros no sistema, ou até a realizar a implementação de mais funcionários para realizarem a tarefa de forma contínua, além do estímulo para criação de novas políticas públicas voltada principalmente aos idosos, a fim de acolher essa população, sendo sempre válido lembrar que a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e a PNAN são instrumentos de grande valor aliado ao assunto.

  • Keywords
  • Programas e Políticas de Nutrição e Alimentação, Sistemas de informação, Vigilância alimentar e nutricional, Saúde Coletiva
  • Subject Area
  • EIXO 3 – Gestão
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