Apresentação: O Programa Saúde com Agente (PSA) é uma iniciativa do Ministério da Saúde (MS) para a formação técnica de Agentes de Saúde, em parceria com o Conselho Nacional de Secretarias da Saúde (Conasems) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na sua primeira edição, o programa ofertou 200 mil vagas para os agentes de saúde vinculados ao SUS em dois cursos: Técnico em Agente Comunitário de Saúde, e Técnico em Vigilância em Saúde com Ênfase no Combate às Endemias, . O objetivo deste estudo é descrever o perfil sociodemográfico dos agentes de saúde participantes, que atendem predominantemente comunidades ribeirinhas. Importante destacar que no contexto das comunidades ribeirinhas, há muita desigualdade de acesso à saúde.
Desenvolvimento: Todos os participantes consentiram o uso dos dados para fins de pesquisa no ato da inscrição nos cursos junto à UFRGS. A partir da base de dados dos cursistas, composta por um total de 195.770 agentes, realizou-se um estudo quantitativo - do tipo survey, para identificar perfil sociodemográfico (idade, sexo, escolaridade, raça/cor) dos profissionais voltados ao atendimento de populações ribeirinhas no Brasil, bem como o tempo de serviço.
Resultado: Do total de estudantes dos cursos técnicos, 619 (0,3%) atendem predominantemente comunidades ribeirinhas. Destes, 92,6% são ACS e 7,4% são ACE, cuja idade varia de 20 a 69 anos, sendo mais da metade compreendidos entre 30 e 49 anos. Em relação ao sexo, houve predominância do sexo feminino (70%). Quanto à escolaridade, 78% possuem ensino médio completo. Em relação ao quesito raça/cor, destaca-se que 80% dos estudantes se autodeclaram pardos. Quanto ao tempo de serviço destes profissionais, aproximadamente 40% possuem entre 10 e 20 anos de experiência.
Considerações finais: O perfil dos agentes que atendem comunidades ribeirinhas revela uma força de trabalho experiente, em especial na Atenção Primária à Saúde, e predominantemente feminina, autodeclarada parda, com um escolaridade de, pelo menos, ensino médio completo. Tendo em vista que esses agentes atendem comunidades com desigualdades de acesso aos serviços de saúde, é fundamental conhecer o perfil desses profissionais. Com base nisso é possível ampliar e qualificar a oferta de cursos de formação, considerando suas vivencias junto às comunidades ribeirinhas Assim, considerando que estes profissionais de saúde atendem comunidades com muita desigualdade de acesso, é fundamental conhecer seu perfil para ampliar e qualificar a oferta de cursos de formação para este público, a fim de validar ou rever suas vivências junto às comunidades ribeirinhas. Em um cenário de tantas desigualdades, o acesso ao estudo para ACS e ACE permite a ampliação do escopo de orientações de promoção de saúde e prevenção de agravos nestas comunidades. Identificar e mapear o perfil dos profissionais de saúde é primordial para a criação de políticas e programas que facilitem a gestão do trabalho, promovam educação na saúde e ajudem a superar as desigualdades de acesso.