Apresentação: A experiência aqui relatada foi parte do projeto PET-Saúde de uma Universidade Federal, a partir de inserção em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Diante do contato com uma Escola Municipal, foram realizados grupos com os 15 alunos do 8° ano, com idade entre 12 e 14 anos. Nesses encontros também estiveram presentes a preceptora do programa e uma estagiária de Serviço Social. A experiência consistiu em quatro encontros com limite de 50 minutos, nos quais foram desenvolvidas dinâmicas de educação sexual, envolvendo a compreensão da amplitude da sexualidade e reprodução humana, os métodos contraceptivos e as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Discorremos, neste resumo, sobre as dificuldades, aprendizados e processos que envolveram a construção das atividades e sua realização.
Desenvolvimento do trabalho: O primeiro encontro se limitou à apresentação dos objetivos e da importância da educação em saúde. Nesse sentido, possibilitou-se que os alunos demonstrassem qual temática gostariam que fosse trabalhada durante os encontros. Os estudantes expuseram interesse sobre a educação sexual; o segundo encontro objetivou a construção de um vínculo com os estudantes, para que se sentissem confortáveis em conversar sobre assuntos relativos à sexualidade e reprodução - aproximação realizada com debate de músicas do ritmo funk com conteúdo crítico; no terceiro encontro realizou-se uma dinâmica envolvendo sexualidade, corpo e diversidade a partir de uma brincadeira que consistia em passar pelos alunos uma caixa com perguntas envolvendo os papéis colocados socialmente para os gêneros na sexualidade, a diferença entre orientação sexual e identidade de gênero, a autonomia e consentimento como essenciais na relação sexual; o quarto encontro focou nos métodos contraceptivos, utilizando uma dinâmica que dividiu a turma em dois grupos para julgarem afirmações em verdadeiras ou falsas.
Resultados: Apesar da pequena diferença de idade, percebeu-se o impacto do desenvolvimento individual dos alunos na forma como o conteúdo foi recebido, alguns tratando a temática da sexualidade como algo cotidiano, já outros como algo distante da sua realidade, mesmo que todos os presentes tenham participado ativamente. O limite de tempo foi insuficiente para que os alunos desenvolvessem completamente suas dúvidas, ainda que a turma fosse pequena. Ademais, ter começado discutindo primeiro corpo e sexualidade, no lugar de iniciar diretamente com os métodos contraceptivos e ISTs, mostrou-se proveitoso na medida em que possibilitou trabalhar os aspectos sociais da sexualidade, para além dos fatores puramente biológicos, além dos tabus, estereótipos e preconceitos que podem prejudicar a confiança e autonomia dos jovens no desenvolvimento dessa parte da vida humana.
Considerações finais: Compreendemos que apesar dos impasses, como o número limitado de encontros, a atividade foi bastante produtiva, visto que não só sanou algumas dúvidas dos estudantes, mas também fez com que eles se informassem mais sobre o assunto e interagissem com os outros colegas de turma. Com isso, ressalta-se como a proposta da educação em saúde vai além da simples transmissão de uma informação, mas envolve como essa será repassada, quais os instrumentos de articulação serão usados e como será o planejamento de uma determinada atividade.