Introdução: A educação popular e a promoção da saúde são campos interdisciplinares que se complementam, especialmente quando direcionados à população idosa. O envelhecimento da população é um fenômeno global que apresenta desafios significativos para os sistemas de saúde e para a sociedade como um todo. A extensão universitária, como prática que conecta a universidade com a comunidade, desempenha um papel crucial na disseminação do conhecimento e no fortalecimento das práticas de saúde comunitárias. A iniciativa analisada neste estudo envolve a participação de estudantes, professores e profissionais da saúde em atividades que buscam empoderar os idosos, promovendo a autonomia e a qualidade de vida através de ações educativas e preventivas. Essas atividades incluem palestras, oficinas, rodas de conversa e práticas corporais que abordam temas como nutrição, atividade física, prevenção de doenças crônicas, e saúde mental. A relevância deste trabalho reside na compreensão de como a educação pode ser um instrumento eficaz na promoção da saúde, contribuindo para a formação de uma consciência crítica e para a construção de práticas de saúde mais humanizadas e inclusivas. A análise das experiências vivenciadas pelos idosos participantes oferece insights valiosos sobre os desafios e as potencialidades dessas iniciativas, fornecendo subsídios para a elaboração de políticas públicas mais eficazes e para o aprimoramento das práticas de extensão universitária. Assim, este estudo não apenas valoriza a importância da educação popular na saúde do idoso, mas também destaca a extensão universitária como uma ponte essencial entre o conhecimento acadêmico e a realidade comunitária, promovendo um envelhecimento saudável e ativo. Objetivo: Sistematizar as contribuições do programa de extensão universitária para o desenvolvimento de ações inspiradas na Educação em Saúde, destacando os aprendizados, dificuldades e incertezas que permeiam essa experiência. Descrição da experiência: Trata-se de um relato de experiência, realizado no contexto da oficina de Saúde do Idoso, no período de agosto a novembro de 2023, no Programa de Extensão Universitária voltado às pessoas idosas (PTIA) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A metodologia empregada envolveu etapas e atividades específicas, detalhadas a seguir: 1- Acolhimento: Este momento inicial foi crucial para estabelecer um ambiente de confiança e receptividade. Os participantes foram recebidos de maneira calorosa, com a apresentação dos objetivos da oficina. Essa fase visou criar uma atmosfera acolhedora, facilitando a integração dos idosos ao grupo e estimulando a participação ativa nas atividades subsequentes; 2 - Formação de Grupo de Discussão: Após o acolhimento, foi formada uma roda de conversa, onde os idosos foram incentivados a compartilhar suas experiências, preocupações e expectativas em relação à saúde e ao envelhecimento; 3 - Dinâmicas de Grupo: Foram realizadas dinâmicas de grupo com o objetivo de estimular a interação, a cooperação e a reflexão sobre temas relacionados à saúde do idoso. Essas dinâmicas incluíram atividades lúdicas, exercícios físicos leves, e práticas de relaxamento. As dinâmicas foram planejadas para promover o bem-estar físico e mental, além de fortalecer os laços entre os membros do grupo; 4 - Confraternização: envolveu um momento em que os participantes puderam socializar de maneira descontraída. Esta fase incluiu a partilha de lanches e momentos de convivência, com o objetivo de fortalecer os vínculos estabelecidos durante as atividades anteriores. A coleta de dados para este relato de experiência foi realizada por meio de observações diretas das atividades e interações dos participantes, bem como por meio de registros escritos e fotográficos. Os dados coletados foram posteriormente analisados de forma qualitativa, buscando identificar os principais aprendizados, dificuldades e incertezas que emergiram ao longo do processo. Esta análise crítica permitiu a sistematização das contribuições do projeto, oferecendo insights valiosos para a qualificação das práticas de educação em saúde direcionadas à população idosa. Resultados: A experiência com a Universidade Aberta à Terceira Idade proporcionou uma abordagem mais dialógica e significativa para os idosos, ao se manter estreitamente articulada com a realidade social e cultural que eles vivenciam. Essa iniciativa permitiu que os idosos se sentissem valorizados e ouvidos, criando um ambiente onde o conhecimento era compartilhado e construído coletivamente. Ao analisar criticamente essa experiência, identificamos que os grupos educativos desempenham um papel crucial na reorientação do cuidado em saúde do idoso. Esses grupos foram eficazes em promover a saúde, pois facilitaram a troca de informações e experiências entre os participantes, o que contribuiu para o empoderamento individual e coletivo dos idosos. Os resultados indicam que os idosos se tornaram mais conscientes sobre sua saúde e mais proativos na adoção de práticas saudáveis. Além disso, os grupos educativos permitiram que os idosos desenvolvessem habilidades sociais e emocionais, fortalecendo os laços comunitários e reduzindo a sensação de isolamento. As dinâmicas de grupo e as atividades de confraternização foram particularmente eficazes nesse aspecto, promovendo a interação social e o suporte mútuo. Outro ponto relevante foi a capacidade dos grupos educativos de adaptar-se às necessidades específicas dos idosos. As atividades foram planejadas considerando as limitações físicas e cognitivas dos participantes, o que garantiu uma participação inclusiva e engajadora. Essa adaptabilidade foi fundamental para o sucesso do projeto, pois permitiu que todos os idosos, independentemente de suas condições, pudessem se beneficiar das atividades propostas. Por fim, a experiência demonstrou que a educação popular é uma ferramenta poderosa para a promoção da saúde do idoso. Ao proporcionar um espaço para a reflexão crítica e a construção coletiva do conhecimento, os grupos educativos contribuíram significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos participantes. Esses resultados sugerem que a integração de abordagens educativas na atenção à saúde do idoso pode ser uma estratégia eficaz para promover um envelhecimento saudável e ativo, refletindo na necessidade de políticas públicas que incentivem e apoiem iniciativas semelhantes. Considerações finais: A análise da experiência com a Universidade Aberta à Terceira Idade revela a eficácia de uma abordagem educativa e participativa na promoção da saúde dos idosos. A metodologia participativa adotada foi fundamental para envolver os participantes de maneira crítica e ativa, proporcionando um espaço onde eles puderam expressar suas opiniões, compartilhar experiências e construir conhecimentos coletivamente. A concepção holística de saúde, que vai além do aspecto físico para incluir dimensões sociais, emocionais e culturais, mostrou-se essencial para atender às necessidades complexas dos idosos. Ao tratar os idosos como protagonistas de suas próprias histórias e cuidadores ativos de sua saúde, o programa conseguiu fomentar um ambiente de respeito e valorização mútua. Isso não apenas fortaleceu a autoestima dos participantes, mas também incentivou uma postura mais proativa em relação à sua saúde. A afetividade, presente em todas as etapas do projeto, foi um elemento central para a criação de vínculos fortes e significativos entre os participantes. As interações afetivas facilitaram a formação de um ambiente acolhedor e seguro, onde os idosos se sentiram à vontade para se expressar e participar das atividades propostas. Esse ambiente afetivo foi fundamental para a construção de uma rede de apoio social, essencial para o bem-estar dos idosos. Em síntese, a metodologia participativa, a concepção holística de saúde, a afirmação dos sujeitos e a afetividade foram elementos-chave que permitiram uma experiência rica e transformadora para os idosos envolvidos. A experiência destaca a necessidade de políticas públicas que incentivem e apoiem práticas educativas e participativas, visando um envelhecimento saudável e ativo para a população idosa.
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