As políticas públicas de saúde voltadas para a comunidade LGBTQIA+ no Brasil têm avançado na direção de uma maior inclusão e reconhecimento das especificidades dessa população. No entanto, desafios persistem, como a discriminação e o preconceito ainda presentes no sistema de saúde, que podem levar à prestação de um atendimento não humanizado e à falta de acolhimento adequado.
Em agosto de 2022, atividades educacionais com enfermeiros de um Curso de formação profissional do Instituto de Ciências, Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde - ICEPi destacaram desafios significativos na saúde da população LGBTQIA+. As atividades revelaram uma lacuna significativa no conhecimento e na preparação dos profissionais de saúde para lidar com as necessidades específicas deste público.
Um dos principais desafios identificados foi a barreira na acessibilidade aos serviços de saúde por parte da população LGBTQIA+, bem como a não aceitação do nome social e a falta de capacitação dos profissionais de saúde para um atendimento inclusivo são fatores que afetam negativamente a dignidade e o respeito ao indivíduo. Além disso, a invisibilidade das mulheres trans em procedimentos clínicos e terapias hormonais.
Contudo, a partir de tais levantamentos, foi realizada uma ação integrativa em parceria com profissionais do ambulatório de diversidade de gênero de um Hospital Federal Universitário, a qual representou um avanço significativo na preparação de cuidados ao público LGBTQIA+. A iniciativa visou não apenas a capacitação dos enfermeiros para um atendimento mais qualificado e inclusivo, mas também a promoção de uma maior acessibilidade nos serviços de saúde da atenção básica.
Deste modo, este trabalho busca retratar as fragilidades encontradas no atendimento das especificidades da comunidade LGBTQIA+ na Atenção Básica, sob a percepção de docentes de enfermagem do Curso de Aperfeiçoamento em Enfermagem com Ênfase em Estratégia de Saúde da Família, visando ampliar o acesso desse público aos serviços de saúde e tornar a oferta de assistência à saúde mais equânime e qualificada.
Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa, com uma abordagem prática e interativa, sobre a realização de práticas educacionais utilizando o ambiente virtual e a integração com setores da Rede de Atenção à Saúde por meio de uma ação de Educação Continuada acerca da assistência de saúde à população LGBTQIA+, suas fragilidades e desafios para a garantia de direitos sociais e de saúde destes indivíduos.
Evidenciou-se que, através de metodologias participativas e estudos de caso, os participantes do Curso foram incentivados a refletir e desenvolver estratégias que promovam uma atenção à saúde mais acolhedora e equitativa. Como resultado, propostas de intervenção foram elaboradas, visando aprimorar a formação continuada dos profissionais de saúde e a implementação de políticas públicas mais inclusivas.
É imperativo que o ICEPi e instituições similares promovam uma formação continuada que enfatize a importância da diversidade e inclusão na saúde. Recomenda-se a implementação de treinamentos específicos para os profissionais de saúde, visando a promoção de um ambiente acolhedor e respeitoso para todos os pacientes, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual.